_ Eu te avisei! Só você achava que ia ser fácil ganhar do Coritiba lá.
_Calma, tá tranqüilo.
_Tranqüilo? Acha que jogar no Mineirão vai ser como?
_ Depois pega o Náutico aqui.
_ Escuta o que eu tô falando. Se marcar, vamos chegar na última rodada precisando de um empate.
_ E aí?
_ Olha, se você acha que o time precisa cair pra se sentir humilhado, eu não sou assim não.
_ O Luxemburgo vem aí.
_ E você acha isso bom?
_ Você tá é sofrendo da síndrome da goleada. Passou, ô!
_ Eu acho que tá tudo errado, isso sim. Nessa situação não duvido mesmo que venha o Luxemburgo, os tais investidores. É o que os caras querem, um time mal das pernas. Assim eles chegam, dominam tudo, garantem uns títulos, ajudam a diretoria a voltar a ficar de bem com a torcida e, quando não interessar mais, tchau. Você acredita em cada coisa!
_ O que você queria?
_ O que eu queria, não. O que eu quero! Quero é ver o Santos do tamanho e do jeito que ele merece. Nosso time, ô gaiato, faz parte da história do futebol mundial. Sinceramente, na época do Robinho e tal, do time voltando pra Libertadores, achei que a gente finalmente tinha se arrumado.
_ Você tem caminhado na praia? Já ouvi dizer que maresia cura mau humor...
_ Que mau humor nada!
_ Qual é a solução, então, ô esperto? O Márcio Fernandes?
_ Também não engulo essa coisa de ficar falando em renovação agora. Isso é coisa pra quando o Campeonato acabar. O time nessa situação e os caras preocupados com renovação. Dá um tempo!
_ Se salvar tá bom.
_ Tá vendo como você se contenta com pouco?
_ Pouco? E o que tu qué?
_ Quero um time que me deixe sonhar com dias melhores. Acha pedir demais?
_ Sonhar com dias melhores? Que lindo! Vamô falar um pouco de mulher, vamô?
_Demorô!
* publicado no Jornal "A Tribuna", Santos
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
A hora e a vez do treinador
A pergunta que você vai ler daqui a pouco está entre as que eu mais ouvi nos últimos anos.
E é bem provável que ela tenha alcançado essa condição porque, de tão lembrada, acabou virando quase uma provocação. A pergunta é: Técnico ganha jogo?
Calma meu amigo, não precisa parar de ler, prometo não levar adiante esse dilema. Mas devo dizer que na maior parte das vezes em que a bendita foi mencionada, ou ficou sem resposta, ou o que se seguiu a ela foi uma torrente de teorias suspeitas.
Afinal, do que é capaz um treinador? Até que ponto o sujeito domina mesmo a feitura desse tal nó tático? Desconfio - digo desconfio, porque não vivi tanto assim - que uma aura de superioridade sempre rondou os que aceitam essa condição. Há quem afirme o contrário, que os tais senhores da prancheta nunca foram tão valorizados. Endeusados.
Quem está com a razão, sinceramente, não sei. O que eu sei é que eles estão na crista da onda e dia desses, acompanhando a entrevista de Muricy Ramalho, no Centro de Treinamento do São Paulo, ouvi o treinador tricolor dizer em alto e bom som: “Quem faz diferença no futebol é jogador”.
Acho que é mesmo por aí. E os mais atentos irão perceber na frase, também, uma ótima explicação para todo o equilíbrio do atual Campeonato Brasileiro. Equilíbrio, aliás, que tem sido a grande curtição da torcida. No país do futebol passou a ser assim, na ausência da boa técnica... a gente se diverte com a matemática. Peço perdão, claro, às exceções que, por hora, nos livram da miséria absoluta.
Quem não livra ninguém é a torcida, sempre pronta pra mandar da arquibancada, em coro, aquela palavra mágica capaz de dissolver a auto-estima de qualquer treinador. Burro!
As palavras de Muricy sugerem uma resposta à pergunta inicial. O técnico é simplesmente um catalisador. É aquele que tem a habilidade de aproximar um elenco da vitória. E não pense que se trata de pouca coisa, não.
Mas há por aí a tendência de super valorizar o cara que ganha mais, o que fatura milhões, o que se deu bem, o capaz de caprichar no marketing pessoal. Isso em qualquer área de atuação. Acho que é essa razão rasa que alimenta a roda com os nomes de sempre, provocando a velha e manjada “dança das cadeiras”.
Quem será o melhor para dirigir o Santos? Mano Menezes tem mesmo a cara do Corinthians? Caio Júnior possui envergadura suficiente pra comandar um clube do tamanho do Flamengo? E René Simões, que esta semana usou uma história de Monteiro Lobato – aquela em que a onça tenta enganar a raposa - pra motivar o elenco do Fluminense, seria um visionário ou um sofista? Quem sabe?
Nunca foi boa estratégia procurar razão no futebol. E, além do mais, a fórmula que faz um técnico vencedor, é tão misteriosa quanto a que produz milionários em Wall Street ou gênios no Vale do Silício.
E é bem provável que ela tenha alcançado essa condição porque, de tão lembrada, acabou virando quase uma provocação. A pergunta é: Técnico ganha jogo?
Calma meu amigo, não precisa parar de ler, prometo não levar adiante esse dilema. Mas devo dizer que na maior parte das vezes em que a bendita foi mencionada, ou ficou sem resposta, ou o que se seguiu a ela foi uma torrente de teorias suspeitas.
Afinal, do que é capaz um treinador? Até que ponto o sujeito domina mesmo a feitura desse tal nó tático? Desconfio - digo desconfio, porque não vivi tanto assim - que uma aura de superioridade sempre rondou os que aceitam essa condição. Há quem afirme o contrário, que os tais senhores da prancheta nunca foram tão valorizados. Endeusados.
Quem está com a razão, sinceramente, não sei. O que eu sei é que eles estão na crista da onda e dia desses, acompanhando a entrevista de Muricy Ramalho, no Centro de Treinamento do São Paulo, ouvi o treinador tricolor dizer em alto e bom som: “Quem faz diferença no futebol é jogador”.
Acho que é mesmo por aí. E os mais atentos irão perceber na frase, também, uma ótima explicação para todo o equilíbrio do atual Campeonato Brasileiro. Equilíbrio, aliás, que tem sido a grande curtição da torcida. No país do futebol passou a ser assim, na ausência da boa técnica... a gente se diverte com a matemática. Peço perdão, claro, às exceções que, por hora, nos livram da miséria absoluta.
Quem não livra ninguém é a torcida, sempre pronta pra mandar da arquibancada, em coro, aquela palavra mágica capaz de dissolver a auto-estima de qualquer treinador. Burro!
As palavras de Muricy sugerem uma resposta à pergunta inicial. O técnico é simplesmente um catalisador. É aquele que tem a habilidade de aproximar um elenco da vitória. E não pense que se trata de pouca coisa, não.
Mas há por aí a tendência de super valorizar o cara que ganha mais, o que fatura milhões, o que se deu bem, o capaz de caprichar no marketing pessoal. Isso em qualquer área de atuação. Acho que é essa razão rasa que alimenta a roda com os nomes de sempre, provocando a velha e manjada “dança das cadeiras”.
Quem será o melhor para dirigir o Santos? Mano Menezes tem mesmo a cara do Corinthians? Caio Júnior possui envergadura suficiente pra comandar um clube do tamanho do Flamengo? E René Simões, que esta semana usou uma história de Monteiro Lobato – aquela em que a onça tenta enganar a raposa - pra motivar o elenco do Fluminense, seria um visionário ou um sofista? Quem sabe?
Nunca foi boa estratégia procurar razão no futebol. E, além do mais, a fórmula que faz um técnico vencedor, é tão misteriosa quanto a que produz milionários em Wall Street ou gênios no Vale do Silício.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
O pecado de um santo
No começo ele disfarçou bem, tão bem, que quase ninguém desconfiou que quem estava ali não era um homem como os outros. Com seu jeito cordial e sua humildade foi visto durante um bom tempo apenas como um sujeito de bom coração, bem intencionado. O problema era que ele tinha uma missão, e não seria impossível levá-la adiante sem causar certa comoção. Afinal, milagres são milagres, e ponto final.
Os primeiros sinais de elevação foram interpretados pela multidão de maneira tranqüila, mesmo porque há tempos a fé tinha deixado de ser uma das grandes virtudes daquele povo. Mas, aos poucos, os homens e mulheres que frequentavam aquele templo foram percebendo que estavam diante de alguém que podia lhes oferecer muito mais do que esperavam. Não era uma época de grande fartura. E ele lhes deu tudo o que podia.
Não foram raras às vezes em que, usando apenas as pontas dos dedos, mandou pra longe o que seria motivo de muita tristeza entre os seus. Ele os protegeu do indesejado. Mergulhou com eles num mundo de conquistas e, como se fosse inevitável, se tornou um líder. Todos o ouviam, todos deixavam que ele falasse em nome deles. Os milagres foram se acumulando, acumulando, até que um dia seus seguidores, testemunhas de tantas obras, não foram mais capazes de conter tamanha euforia. Passaram a chamá-lo de “São Marcos”.
A fama logo correu. Foram anos vivendo nessa condição singular. E ele tinha bem mais do que os atrativos divinos para encantar. Sabia contar causos. Era homem simples, desses que só se encontra em pequenas cidades do interior. E trazia consigo, além de tudo, um sorriso forte, uma fibra contagiante. Como todos os Santos, não teve vida fácil. Passou por grandes provações. E de cada uma delas voltava sempre mais forte.
O problema é que dos Santos jamais se espera ouvir certas verdades mundanas. Aos Santos não é dado o direito de ceder ao instinto e muito menos o direito de errar. O acusaram de querer fazer o que não sabia. Jogar com os pés. O acusaram de querer expor as deficiências dos outros.O acusaram da mesquinhez de querer resolver tudo sozinho.
Não por acaso, quando reapareceu, um tanto resignado, se dirigiu aos seus com palavras precisas. Disse que poderia .."ser julgado pela atitude, não pela intenção", e que tinha feito tudo ..."de boa fé, pensando em ajudar". Nessa história, mais incômodo do que o próprio castigo será, talvez, a ausência de uma absolvição.
Escrevo essas palavras antes que a provável penitência seja proferida. Minha intuição diz que, silenciosa, ou não, ela não tardará, ainda que ele, emocionado, jure diante de um tribunal interno que só fez tudo o que fez porque sentiu pesar sobre seus ombros o dever de salvar os seus, como tinha se habituado a fazer.
É que passado tão tempo, ele já havia aceitado de maneira profunda o seu papel de Santo. E a multidão, ao vê-lo errar, esteve longe, muito longe de ser capaz de compreender que estava diante de um homem, não de um Santo.
Marcos é dessas figuras que ultrapassam as fronteiras de um time. É dessas figuras com lugar garantido no panteão do nosso futebol. Assim sendo, para tentar entender melhor esses momentos da última rodada, que levaram um Santo ao julgamento, tenho fé no pensamento eternizado por um poeta nascido em Minas, que sugere o seguinte:
“ O pecado é irmão gêmeo da virtude...”.
* artigo escrito para o jornal "A Tribuna", Santos
Os primeiros sinais de elevação foram interpretados pela multidão de maneira tranqüila, mesmo porque há tempos a fé tinha deixado de ser uma das grandes virtudes daquele povo. Mas, aos poucos, os homens e mulheres que frequentavam aquele templo foram percebendo que estavam diante de alguém que podia lhes oferecer muito mais do que esperavam. Não era uma época de grande fartura. E ele lhes deu tudo o que podia.
Não foram raras às vezes em que, usando apenas as pontas dos dedos, mandou pra longe o que seria motivo de muita tristeza entre os seus. Ele os protegeu do indesejado. Mergulhou com eles num mundo de conquistas e, como se fosse inevitável, se tornou um líder. Todos o ouviam, todos deixavam que ele falasse em nome deles. Os milagres foram se acumulando, acumulando, até que um dia seus seguidores, testemunhas de tantas obras, não foram mais capazes de conter tamanha euforia. Passaram a chamá-lo de “São Marcos”.
A fama logo correu. Foram anos vivendo nessa condição singular. E ele tinha bem mais do que os atrativos divinos para encantar. Sabia contar causos. Era homem simples, desses que só se encontra em pequenas cidades do interior. E trazia consigo, além de tudo, um sorriso forte, uma fibra contagiante. Como todos os Santos, não teve vida fácil. Passou por grandes provações. E de cada uma delas voltava sempre mais forte.
O problema é que dos Santos jamais se espera ouvir certas verdades mundanas. Aos Santos não é dado o direito de ceder ao instinto e muito menos o direito de errar. O acusaram de querer fazer o que não sabia. Jogar com os pés. O acusaram de querer expor as deficiências dos outros.O acusaram da mesquinhez de querer resolver tudo sozinho.
Não por acaso, quando reapareceu, um tanto resignado, se dirigiu aos seus com palavras precisas. Disse que poderia .."ser julgado pela atitude, não pela intenção", e que tinha feito tudo ..."de boa fé, pensando em ajudar". Nessa história, mais incômodo do que o próprio castigo será, talvez, a ausência de uma absolvição.
Escrevo essas palavras antes que a provável penitência seja proferida. Minha intuição diz que, silenciosa, ou não, ela não tardará, ainda que ele, emocionado, jure diante de um tribunal interno que só fez tudo o que fez porque sentiu pesar sobre seus ombros o dever de salvar os seus, como tinha se habituado a fazer.
É que passado tão tempo, ele já havia aceitado de maneira profunda o seu papel de Santo. E a multidão, ao vê-lo errar, esteve longe, muito longe de ser capaz de compreender que estava diante de um homem, não de um Santo.
Marcos é dessas figuras que ultrapassam as fronteiras de um time. É dessas figuras com lugar garantido no panteão do nosso futebol. Assim sendo, para tentar entender melhor esses momentos da última rodada, que levaram um Santo ao julgamento, tenho fé no pensamento eternizado por um poeta nascido em Minas, que sugere o seguinte:
“ O pecado é irmão gêmeo da virtude...”.
* artigo escrito para o jornal "A Tribuna", Santos
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
A dor e a delícia
O que trago pra vocês hoje, estampado nesse canto de página, são reminiscências de um domingo esportivo, o último domingo. Não digo que serão palavras felizes ou desencantadas. A única certeza é a de que para refletir o vivido será preciso se dividir.
Se dividir entre a euforia e a desilusão. Se dividir entre o sublime e a necessidade de perceber que certos dias trazem acontecimentos que precisam ser deixados pra trás, precisam ser aceitos, para que não sejam em nós uma semente de tristeza. Mesmo porque a vida não se resume, e jamais se resumirá, a uma corrida de fórmula um, a um jogo de futebol ou a uma maratona.
E o esporte por esse prisma, que o revela imprevisível, surpreendente, grandioso, é uma bela metáfora das nossas próprias vidas. Afinal, quando tomamos consciência do que somos, descobrimos também que estar exposto a vitórias e derrotas é parte do jogo.
Vejam, aquela final do Grande Prêmio de Fórmula 1, em Interlagos. De tão improvável, chegou a ser vista como uma grande orquestração pelos mais desconfiados. Uma glória tão próxima, que no calor dos boxes, pudemos ver até como seria a comemoração daquela família brasileira se Timo Glock não tivesse entrado nessa história meio que como um zagueiro que marca um gol contra. Ah! Se ele tivesse um pouco da precisão de outro alemão, um tal de Sebastian Vettel.
Mas passou.
Aos ainda traumatizados, claro, peço perdão por escolher nessa hora palavra tão dúbia.
Naquela mesma tarde a chuva lavou a Vila Belmiro, onde dois improváveis tentos, um em cada tempo, iam marcando a história do clássico entre Santos e Palmeiras. Uma vitória daria um brilho diferente ao time alvinegro em ano tão opaco.
Eis que aos quarenta e seis minutos do segundo tempo - quando algumas gotas ainda caiam - um cruzamento da esquerda fez a bola viajar quase em direção à outra lateral, e no meio do caminho encontrar o pé de Léo Lima. Um gol que fez o time do Parque Antártica renascer. Um gol que colocou o Palmeiras na liderança do Campeonato Brasileiro por alguns instantes, trazendo de volta o mesmo feitiço, que um pouco antes, brincava com o coração do nosso jovem piloto.
A vida jogava mais uma vez na nossa cara que vitória e derrota são separadas por uma fina linha.
Uma fina linha que Marílson Gomes ultrapassou, também naquele domingo. De luvas pretas e braços protegidos do frio, nosso maratonista se pôs a correr atrás de um novo triunfo na afamada Maratona de Nova York. E ele mesmo deve ter pensado que não ia dar. Tinha sido ultrapassado no quilômetro trinta e cinco, algo como errar o tipo de pneu na Fórmula um, ou levar um gol nos minutos finais no futebol.
Mas “sprint” é palavra santa pra qualquer corredor. E não é que o menino teve a benção? Saiu em disparada, olhando pra trás, cabreiro, para evitar ser surpreendido por esses acontecimentos indesejáveis do esporte.
Não demorou muito pra avistar o fim. E como se estivesse num sonho, fechou os olhos ao sentir a fita da linha de chegada tocar seu peito.
O esporte não é mesmo uma ótima metáfora da vida?
Onde mais estamos tão expostos a dores e delícias?
Se dividir entre a euforia e a desilusão. Se dividir entre o sublime e a necessidade de perceber que certos dias trazem acontecimentos que precisam ser deixados pra trás, precisam ser aceitos, para que não sejam em nós uma semente de tristeza. Mesmo porque a vida não se resume, e jamais se resumirá, a uma corrida de fórmula um, a um jogo de futebol ou a uma maratona.
E o esporte por esse prisma, que o revela imprevisível, surpreendente, grandioso, é uma bela metáfora das nossas próprias vidas. Afinal, quando tomamos consciência do que somos, descobrimos também que estar exposto a vitórias e derrotas é parte do jogo.
Vejam, aquela final do Grande Prêmio de Fórmula 1, em Interlagos. De tão improvável, chegou a ser vista como uma grande orquestração pelos mais desconfiados. Uma glória tão próxima, que no calor dos boxes, pudemos ver até como seria a comemoração daquela família brasileira se Timo Glock não tivesse entrado nessa história meio que como um zagueiro que marca um gol contra. Ah! Se ele tivesse um pouco da precisão de outro alemão, um tal de Sebastian Vettel.
Mas passou.
Aos ainda traumatizados, claro, peço perdão por escolher nessa hora palavra tão dúbia.
Naquela mesma tarde a chuva lavou a Vila Belmiro, onde dois improváveis tentos, um em cada tempo, iam marcando a história do clássico entre Santos e Palmeiras. Uma vitória daria um brilho diferente ao time alvinegro em ano tão opaco.
Eis que aos quarenta e seis minutos do segundo tempo - quando algumas gotas ainda caiam - um cruzamento da esquerda fez a bola viajar quase em direção à outra lateral, e no meio do caminho encontrar o pé de Léo Lima. Um gol que fez o time do Parque Antártica renascer. Um gol que colocou o Palmeiras na liderança do Campeonato Brasileiro por alguns instantes, trazendo de volta o mesmo feitiço, que um pouco antes, brincava com o coração do nosso jovem piloto.
A vida jogava mais uma vez na nossa cara que vitória e derrota são separadas por uma fina linha.
Uma fina linha que Marílson Gomes ultrapassou, também naquele domingo. De luvas pretas e braços protegidos do frio, nosso maratonista se pôs a correr atrás de um novo triunfo na afamada Maratona de Nova York. E ele mesmo deve ter pensado que não ia dar. Tinha sido ultrapassado no quilômetro trinta e cinco, algo como errar o tipo de pneu na Fórmula um, ou levar um gol nos minutos finais no futebol.
Mas “sprint” é palavra santa pra qualquer corredor. E não é que o menino teve a benção? Saiu em disparada, olhando pra trás, cabreiro, para evitar ser surpreendido por esses acontecimentos indesejáveis do esporte.
Não demorou muito pra avistar o fim. E como se estivesse num sonho, fechou os olhos ao sentir a fita da linha de chegada tocar seu peito.
O esporte não é mesmo uma ótima metáfora da vida?
Onde mais estamos tão expostos a dores e delícias?
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