quinta-feira, 22 de agosto de 2024

O futuro do Santos

Raphael Silvestre/Guarani FC


O torcedor santista não deve ler estas linhas com o incômodo da pulga que lhe foi posta atrás da orelha ao testemunhar o Santos perder pela primeira vez na Vila Belmiro nessa também incômoda Série B. Nem se deixar levar pelas impressões do encontro com o lanterna Guarani na noite de ontem. Em linhas gerais o desafio de levar o time de volta à elite do futebol brasileiro tem se dado dentro de certa normalidade. O longo caminho desde sempre sugeriu altos e baixos. E é como a coisa tem se desenhado. O torcedor do Peixe já foi do entusiasmo de uma largada que fez os mais entusiastas acreditarem num título invicto até um jejum de vitórias que fez os mais pessimistas puxarem os cabelos. Donde se conclui que o Santos segue no páreo. Mas está longe de ser uma maravilha. 

Vivendo uma realidade em que a quarta colocação soará inevitavelmente como triunfo é possível chegar à conclusão de que será uma possibilidade, sem  dúvida, se contentar com pouco. Uma vez que o pouco virá muito bem embalado no papel de seda do acesso. E é normal que contente uns, outros não. Que alguns aceitem que no momento em que se fala de reconstrução essa volta à primeira divisão se faz o mais importante dos passos. Mas escrevo tudo isso instigado pela declaração dada pelo Presidente do clube dias atrás quando ao ser perguntado sobre as SAFs respondeu dizendo que o clube está trabalhando para isso. Já escrevi em outra oportunidade que o que considero mais leal com o clube neste momento é justamente nem levar em conta essa possibilidade. Ao menos enquanto a realidade do clube deixar transparecer certa fragilidade. E digo isso, como já disse outras vezes, por considerar que jamais haverá negócio bom para todas as partes envolvidas enquanto uma delas estiver claramente enfraquecida. 

Quero crer que esse trabalho citado seja de longo prazo e a direção do clube esteja levando em conta alcançar uma posição privilegiada para, se for o caso, negociar.  E nisso creio por entender que o atual presidente santista é conhecedor dos meandros e armadilhas que o mundo do futebol costuma esconder.  Mas há, especialmente nesta temporada, um outro detalhe que anda dando uma aura de remédio infalível às recém criadas Sociedades Anônimas de Futebol que é o momento especial que o Botafogo passou a desenhar depois da chegada do falastrão John Textor, que esta semana teve a trajetória dele como homem de negócios muito bem descrita em reportagem do jornalista Lúcio de Castro. Reportagem que revelou como a trajetória de Textor se fez com um misto de falências, relações estreitas com magnatas russos e acusações de pirâmides financeiras. 

O dinheiro empenhado tem sido tamanho que fez o mandatário do mais endinheirado clube do nosso país apontar a ausência do fair play em terras tupiniquins no afã de explicar o sucesso do adversário que jogando em casa, diga-se, tinha acabado de lhe atropelar. Mas se o time da estrela solitária  que não parecia passar de um azarão na temporada passada e nesta se fez um time de respeito -e ainda por cima cheio da grana - pode ficar fácil convencer o torcedor de que esse talvez venha a ser o melhor caminho. Ocorre que a história recente mostra que até agora nenhum desses magnatas ousou comprar um time brasileiro, como dizem por aí, que estivesse bem das pernas. E é nessa condição que o torcedor santista deve querer ver o Santos. Aí, quem sabe, seja possível no futuro pensar em fazer um bom negócio. 

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