sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Torcer tem seu preço



Há uma coisa que se sobressai sobre todas as outras em matéria de futebol nesta temporada: o Botafogo. O time carioca com sua campanha de arrepiar tem desafiado os descrentes. O que andou fazendo até aqui deveria servir para que os adversários em campo e nas arquibancadas o respeitassem, mas sabemos todos que o jogo de bola é de uma crueldade tremenda. Se deixar escapar o título será lembrado pra sempre por isso. O primeiro turno quase irretocável de nada servirá. Só os mais apurados historiadores do futuro talvez venham a lhe fazer justiça. Contribuições, como disse, são muitas. Os gols de Tiquinho Soares... O magnetismo exercido sobre a torcida, que aos poucos foi se traduzindo num estádio botafoguense cada vez mais pulsante. 

O Botafogo este ano instituiu a classificação por comparação. A cada rodada mais do que comentar se ele venceu ou não, o que tem sido feito é olhar para os que estão na tabela abaixo dele e ver se conseguiram se aproximar. Durante muitas rodadas o resultado destas contas tem sido a constatação da incompetência por parte dos perseguidores. É preciso que se diga também que não menos surpreendente foi constatar que mesmo a saída de Luís  Castro do comando técnico do time não teve maiores consequências. Algo que muitos davam como certo, como davam também que a liderança do Bota não iria durar. Alguns podem disso concluir que, como se costuma dizer, técnico não ganha jogo. Bruno Lage, o atual comandante, terá não só de ganhar alguns mas administrar essa desconfiança que se traduz em terrível pressão. 

No jogo de ida contra o Defensa y Justicia pela Sul-Americana foi possível notar certo conflito entre Lage e a torcida que fez questão de mostrar seu descontentamento com certas escolhas do treinador. Mas aí veio o jogo contra o Bahia e tudo arrefeceu. Por falar em escolhas, vale destacar a temporada que vem fazendo o goleiro Lucas Perri, no torneio continental trocado por Gatito Fernándes. Na minha modesta opinião Gatito está longe de ser um arqueiro qualquer, mas vendo o que tenho visto estou convencido de que neste momento Perri está operando milagres. Em outras palavras, não discuto o uso de um time reserva... mas o goleiro talvez. Enfim, não sabemos o que será desse Botafogo, mas seja qual for o desenlace que o Brasileirão nos reserve - talvez fosse o caso de escrever lhe reserve -  a contribuição do time da estrela solitária é enorme. Tão grande que sejam quais forem os resultados a graça da coisa ainda seguirá sendo obra dele, o time a ser batido. 

Aos botafoguenses sugiro não ficar digerindo rancores. Não entrar nessa de pegar no pé do treinador. Brilhar além fronteiras teria sido bom, sonhar com títulos continentais. A Copa Sul-Americana agora é passado.  Não deixar escapar esse Brasileirão será muito maior. E se o poderio de ataque dá a impressão de já ter sido melhor, a defesa segue com números respeitáveis. E Diego Costa aí está. Além do mais, Tiquinho tá voltando. Imaginem o tamanho da onda que os botafoguenses  não poderão tirar de todo mundo. Já que o triunfo no Brasileirão será , de certa forma, o triunfo sobre a toda a secação que ao longo de trinta e oito rodadas terá sido exercida pelos interessados em uma possível derrocada. E digo mais, tenho um amigo botafoguense e não pensem que ele não está sofrendo. Torcer tem seu preço.

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