quinta-feira, 11 de maio de 2023

O futuro que a gente espera



Talvez o mais fiel retrato do que virou a Seleção Brasileira nos dias de hoje seja o intrigante andamento das conversas para que o posto de técnico seja assumido pelo italiano Carlo Ancelotti. Chega a ser difícil acreditar nisso depois do próprio Ancelotti, ao ser perguntado a respeito, ter dito   que tudo não passava de bobagem. Completou, não sem certa empáfia, dizendo que não fala sobre o futuro dele com ninguém. Colocações que, no mínimo, exigiriam mais tato na hora de tratar do assunto. Mesmo diante dessa posição firme o presidente da CBF não pensou duas vezes em voltar ao tema. Ao conceder entrevista a uma TV Árabe dias depois se mostrou disposto a ir além do dia 25 de maio, inicialmente dado como data limite para a negociação. 

Falou que topa esperar mais, caso o Real Madrid, time atual de Ancelotti, conquiste uma vaga para decidir a Liga dos Campeões da Europa.  O cartola brasileiro deixa soar como justificativa pra tanta demora o fato de a próxima Copa ofertar um número maior de vagas e também o fato de as Eliminatórias  terem o início marcado para o mês de setembro.  O mandatário maior do futebol brasileiro fez questão de dizer que para o torcedor e para a imprensa tudo no futebol é pra ontem. Eu, de minha parte, diria que nunca é cedo para começar a trabalhar quando se tem pela frente um grande desafio. E recolocar o Brasil na dianteira do futebol mundial nunca soou tão desafiador. Fico, sinceramente, com a impressão de que vai se usando a mídia para mandar recados. 

Estivessem minimamente alinhadas as partes, mesmo diante de toda a cobrança a respeito, não seria necessário voltar toda a hora ao tema. Também enxergo nisso tudo um esforço para, de alguma forma, se atrelar a alguém que, como sugeriu o próprio presidente da CBF, é unanimidade. A velha tática de deixar claro que seja qual for o desfecho se tentou o melhor.  Ainda mais quando o interessado diz diante de toda a expectativa gerada pelo assunto que na verdade tem tentado ser paciente e que aguarda o momento certo para entabular uma conversa com o italiano. E que por uma questão de ética não abordaria nenhum treinador que tivesse contrato com algum clube. Pode soar exagerado que se trata de uma cortina de fumaça. Como acho ingênuo acreditar nessa unanimidade pois ainda que a torcida feche com Ancelotti as cornetas daqueles que se dirão desrespeitados com a escolha por um estrangeiro irão soar. 

E não estranharia se nessa toada parte dos descontentes se mostrasse mais favorável a Fernando Diniz, que muita gente aposta - não é de hoje - que seduz o presidente da CBF também. Sou desde sempre um entusiasta do Diniz mas considero que seria uma escolha temerária para a CBF e também que seria, no mínimo, precoce para o atual treinador do Fluminense. Por mais que Diniz esteja fazendo por merecer precisa dar conta de outras etapas e avanços se quiser chegar lá um dia de maneira robusta. Capaz de aguentar os trancos de quem , mais do que qualquer outra coisa, gosta de colocar fogo no circo. Se o empate entre o Real e o City na terça ajudou ou atrapalhou iremos descobrir. E encerro dizendo que se Ancelotti diz que não fala do futuro dele com ninguém, talvez fosse o caso da CBF decidir rápido quem vai cuidar do da Seleção.

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