quarta-feira, 22 de junho de 2016

A Argentina...é fogo !


Nunca acreditei na lisura da FIFA. E a condição imposta por ela de que as Confederações mundo afora não recebam qualquer interferência dos governos sempre me soou discutível. Mas devo dizer a vocês que o futebol argentino me convenceu do contrário. De outro modo seria impossível o mínimo de ordem. Não sei se vocês têm acompanhado o que se passa no país vizinho. A morte do cartola-mor, Júlio Grondona, abriu um vácuo no poder. E o que se passa lá é um aviso do que nos aguarda se não evitarmos de modo eficaz essa mistura de política e futebol. 

Na Argentina atual é difícil saber onde começa uma coisa e termina a outra. A briga pelo comando da Associação Argentina de Futebol virou uma guerra. E vejam a biografia dos envolvidos. De olho no posto está Hugo Moyano, o mais poderoso sindicalista do país. Moyano, líder dos caminhoneiros, é presidente do Independiente, um dos maiores clubes da Argentina e, dizem, até abriria mão do cargo se conseguisse colocar  lá o genro, Claudio Chiqui Tapia, cartola do Barracas Central, um time mais modesto. Outro protagonista é, simplesmente, o maior showman do país, astro de televisão, milionário e... vice-presidente do San Lorenzo, Marcelo Tinelli. Só aí já teríamos uma bela queda de braço. 

O que vocês devem ter ouvido é que a Argentina correu o risco de ficar fora da Copa América e o Boca, da Libertadores. Isso porque nessa batalha há ainda o governo, encarnado na figura de Mauricio Macri. Um homem rico que se afinou com os pobres graças aos doze anos que presidiu o Boca Juniors. E uma das bandeiras que fizeram Macri chegar à presidência foi a de se comprometer a manter o futebol gratuito até 2019. É! O futebol argentino foi nacionalizado em 2009 e custa 138 milhões de dólares por ano. 

A intervenção do governo estaria em curso por causa da evidente falência da AFA. O governo nega. Mas fato é que no último dia 31 a entidade recebeu a visita de um órgão do Ministério da Justiça. Duas pessoas com poder de decisão foram nomeadas para a associação e as eleições, que seriam em 30 de junho, foram suspensas. E não é tudo. No último mês de dezembro a AFA já tinha tentado eleger um presidente mas a votação acabou em papelão. A apuração revelou um número maior de votos do que de eleitores. 

Interessante notar, no entanto, que mesmo vivendo essa situação bizarra a seleção argentina vai bem. É a atual vice-campeã do mundo e ao golear os Estados Unidos na semifinal da Copa América reforçou a pinta de favorita ao título da Copa América. Título que faria justiça à trajetória do genial Lionel Messi, que acaba de se tornar o maior artilheiro da história da seleção argentina. E diante de tudo isso é impossível não se perguntar: poderia o futebol da nossa seleção ser outro, apesar da CBF ?  

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Tite... e nossa pobre seleção milionária !


Quem me conhece sabe que uma das frases que mais gosto é aquela que diz que em matéria de futebol quanto mais você o conhece mais difícil fica de gostar. E não me venham com o papo de que é possível abstrair tudo o que gira em seu entorno e ficar só com o jogo que eu não tenho vocação pra alienado. Estamos aí pagando mais um mico com nossa seleção, mas esse futebol ausente de encanto que nos restou não passa do resultado óbvio de que tudo o que se fez com ele tanto do ponto de vista conceitual quanto do administrativo. 

Dar de cara, depois de ter visto o que vimos, com Gilmar Rinaldi dizendo que estávamos no caminho certo mais do que indignar me intriga. Gostaria de crer que tal discurso foi dito com certo esforço fazendo valer aquela linha de pensamento de que é preciso mostrar segurança diante dos percalços, não se revelar abatido. Mas temo que seja ainda mais complicado, que o dirigente cercado pela lógica do mercado, pelas razões que faz tempo orientam os donos do jogo, estava mesmo convencido de que o trabalho que estava sendo feito por ele era de ponta e iria tirar a nossa seleção desse atoleiro. 

E digo a vocês que já nem estou certo de que a própria imprensa esportiva com todo seu arsenal de críticas tenha noção exata do tamanho do problema. E puxo essa fila sem titubear, pois deixo aqui firmado que antes dessa Copa América começar, sabendo do grupo pífio em que o Brasil estava incluído, estava convencido que por pior que fosse a campanha do time de Dunga  iríamos além da primeira fase. Mas veio a surpresa. E o mesmo raciocínio vale para a Copa do Mundo passada quando não houve especialista que fosse capaz de antever o tamanho do perigo que corríamos. 

Mesmo avançando entre trancos e barrancos até o fatídico jogo contra a Alemanha a imensa maioria julgava que, mesmo por linhas mais do que tortas, não estava descartada a chance de o Brasil figurar na grande final. Outra coisa que percebo na nossa outrora estimada seleção é que uns e outros que costumam se mostrar cheios de atitudes nas redes sociais quando o bicho pega entre as quatro linhas estão longe de demonstrar a mesma valentia. Ou alguém aí vai dizer que não foi fácil perceber que os peruanos pareciam mais dispostos? Isso sem contar que tem gente ali desfrutando de um sucesso que, se formos analisar bem, ainda nem se concretizou. Bom, se quando você der de cara com esta minha reflexão Tite tiver topado a parada, melhor pra seleção. Mas se tiver dito não terá demonstrado uma coerência inimaginável no meio do futebol. 

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Se a memória exigir, anote !


quinta-feira, 9 de junho de 2016

Sobre o alvinegro da Vila Belmiro


Pra começo de conversa digo que é preciso admitir que uma vitória sobre o Botafogo atual pouco diz e que o empate contra o Corinthians teria sido um ótimo resultado, se não concordarmos aí será possível que não concordemos mais. E claro que pra admitir isso o torcedor terá que deixar de lado a paixão, abrir mão do que gostaria de ter visto seu time fazer e aceitar que o momento é complicado, muito complicado. 

Há quem tenha criticado com veemência o esquema defensivo de Dorival na Arena Corinthians, não por ser defensivo, mas por não ter se apresentado eficaz nem pra isso. E essa é uma outra questão. Mas se há algo digno de preocupação é o que une duas das últimas três apresentações do time santista: a fragilidade, exalada tanto diante do Inter como diante do Corinthians. 

A cautela de Dorival tem sido uma constante e isso tem custado um tanto, já que é citada por muitos como uma das causas do Santos ter deixado escapar recentemente uma valiosa vaga na Libertadores. E nem vale aqui falarmos do esquema usado diante do Audax no jogo que decidiu o Campeonato Paulista e que obrigava o Santos a vencer se não quisesse decidir tudo nos pênaltis.

Mas qualquer um que se dê a analisar o retrospecto do time no Brasileirão ao longo da última década irá perceber que ele não é alentador. Sem falar na décima quinta colocação de 2008 - e no décimo segundo lugar de 2009 - o que o Santos tem feito é oscilar entre o nono e o sétimo lugares. O que, acredito eu, não contenta mu ita gente. 

E essa falta de resultados notáveis só não sufoca mais os torcedores em razão de no meio dela terem dado de cara com o oásis representado por uma conquista da Libertadores quase meio século depois do que pode ser visto como a fase áurea do clube. O santista quer e imagina o time da Vila bem maior que isso. Prova dessa teoria é toda insatisfação visível depois de uma apresentação pra lá de acanhada diante de seu maior rival. 

A ausência do trio formado por Lucas Lima, Gabriel e Ricardo Oliveira é um problemão. Mas existem outros que deveriam assustar tanto quanto. Mais cedo ou mais tarde o mercado e a idade irão colocar os destaques santistas em outro caminho. As decisões administrativas questionáveis, as brigas políticas desmedidas e a gritante falta de dinheiro, juntas, têm poder corrosivo maior do que essa ausência que nosso calendário absurdo impõe. A conclusão mais óbvia do quadro que se apresenta, portanto, é óbvia: o torcedor santista não está preocupado à toa.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

O futebol não quer saber dos astros


Foi andando em um corredor do Hospital das Clínicas que o conheci. Manjou minha estampa. Confessou de cara seu amor pelo Corinthians. Falou sobre futebol com uma intimidade singular. Eu estava lá pra esperar minha mãe se recuperar de uma cirurgia. Enquanto ele convalescia de algum procedimento similar. Fato é que bastaram dois ou três encontros pra que eu nunca mais deixasse de falar com ele. Passado algum tempo fez como havia prometido. Enviou pra minha casa parte dos trabalhos que realizava pra que eu pudesse entender melhor do que se tratava. 

Antônio Olaia é um especialista em ciclobiologia. Uma mistura de matemática, biorritmo e astrologia. Quando semanas atrás ele me ligou na véspera do embate entre Corinthians e Nacional pra dizer que o momento do elenco corintiano tinha tudo pra complicar a vida de Tite, apontando  - como sempre faz nessas horas - os jogadores que estavam na alta e na baixa, lembrei de outras previsões e não encontrei motivos pra duvidar. Ao longo dos últimos anos foram tantos acertos. Coisa de impressionar. E descartem a hipótese de coincidência, pois uma breve pesquisa irá mostrar que foram vários os momentos nas últimas décadas em que o senhor Olaia mostrou do que era capaz a ciclobiologia.

 Em 90 avisou, por exemplo, que o Brasil cruzar com Maradona na Copa não era uma boa, como não foi. Mas vocês sabem como é o futebol, se hoje em dia, quatro décadas depois dele começar a emprestar seus conhecimentos ao jogo de bola ainda há quem não esteja convencido nem mesmo da ajuda que a psicologia pode dar, imagine quando se trata da ciclobiologia. Tudo bem que nunca será tarefa fácil dizer pra estrela do time que hoje é melhor ficar no banco de reservas porque os astros andam dizendo que ele está em baixa, que essa  situação compromete o rendimento e deixa o corpo muito vulnerável a lesões. Não se trata disso, há muitas maneiras de tirar proveito do conhecimento e de estudos que pelo que pude perceber desde que conheci Antônio Olaia são ricos em resultados. 

Não pensem também que esse tipo de ajuda nunca foi oferecida a muitos dos nossos treinadores. O trabalho de Olaia já foi aplicado em muitos clubes com resultados de se admirar. Mas nem os treinadores ditos mais modernos pelo visto deram à ciclobiologia a devida atenção. Juro que pensei em pedir pro Seo Olaia tabular lá algumas coisas sobre a próxima rodada. Assim, quem sabe, vocês pudessem ter uma percepção melhor da coisa. Mas pedir pra alguém tão vivido, do alto de seus cabelos brancos, colocar seu conhecimento à prova não seria elegante. Olaia não tem dúvidas de que a astrologia é o DNA do futebol mundial. Mas o futebol não está nem aí, não quer saber dos astros.