quinta-feira, 31 de março de 2016

Tite na seleção ?


O assunto que aqui vai me ganhou pela sedução. É complexo, desafiador. O que aconteceria - ou acontecerá - se dia desses a CBF decidir encerrar a segunda passagem de Dunga pelo comando da seleção brasileira e fizer um convite ao técnico Tite para que ele ocupe o posto? O assunto mexe com o humor dos corintianos por razões óbvias. E tem sido interessante notar as reações diante dessa possibilidade. Trago comigo duas convicções. A primeira de que mesmo que a CBF decidisse mudar o treinador talvez Tite não fosse o alvo por uma razão muito simples: O estilo da CBF com relação aos treinadores sempre foi o de optar por nomes que sejam, digamos, de composição. Há muita coisa pra se levar em conta quando se trata de escalar um time desse porte. E Tite, claramente, atravessa um momento em que seria difícil convencê-lo de considerar outros detalhes que não a montagem de um time. Fazê-lo aceitar caminhos que confrontassem a visão tática que ele lapidou nos últimos anos e que o tem levado tão longe. 

E a minha segunda convicção reforça a primeira: Tite não seria, como não deve ser, humilde na hora das exigências e, além disso, teria que ser convencido de que o momento é o momento ideal. Qualquer aresta o impelirá a continuar onde está. Lógico que uma eliminação da Libertadores mudaria o quadro atual, mas isso não aparece no horizonte. Por outro lado, Dunga tem a favor dele o fato de que o time brasileiro só voltará a fazer um jogo oficial daqui a dois meses, pela Copa América. E a tendência é de que a poeira levantada pela última rodada das Eliminatórias vá baixando. Ainda que eu  tenha ressalvas a respeito da figura de Dunga como treinador da seleção, reconheço a importância do trabalho que conseguiu realizar quando esteve à frente da seleção pela primeira vez, o que não me impede de acreditar que tê-lo escolhido para uma segunda não tenha sido um enorme equívoco. 

Há momentos em que até a sua veia de líder atrapalha. Talvez se ela não fosse tão pulsante os jogadores pudessem lhe ajudar a encontrar um caminho. Têm estrada, doses de talento. Mas, sinceramente, pelo que tenho visto o que tem acontecido é o contrário. Os jogadores acabam se moldando ao estilo de comando. Foi o que senti ao ler, por exemplo, a declaração do zagueiro Miranda dizendo que " temos que nos unir um pouco mais e jogarmos na base da garra". Se não tivesse lido de quem tinha sido a declaração apostaria que tinha saído da boca do treinador brasileiro. Enfim, na minha opinião o nosso futebol quase deve essa chance ao Tite. Mas ele, se procurado, deveria exigir que ela lhe fosse dada com pompa. Exigindo assumir, quem sabe, só depois da próxima Copa e com direito de permanecer por quatro anos, tendo um ciclo inteiro para trabalhar. Imagino que não seria nada demais. Imagino a apreensão dos corintianos com a possibilidade do convite. E imagino que o presidente alvinegro ao dizer que hoje em dia o Corinthians tem mais a oferecer para o Tite do que a CBF não falou abobrinha, não. E isso, nobre torcida, expõe com incômoda precisão o quanto nossa seleção anda fragilizada.   

Quem tem feito algo pelo futebol?



Muito tem sido feito em nome do futebol. Por ele quase nada. O raciocínio vale pro sujeito que faz do tempo de propaganda algo maior do que o próprio bloco de notícias esportivas, transformando um programa de rádio, por exemplo, em um verdadeiro teste de paciência. Ora, sem os patrocínios não existiria o programa, dirão os espertos. Mas esse é só um detalhe. De repente, o texto foguete não é mais um texto publicitário, gravado com outra voz. Agora está com o locutor, que no lugar da deixa, empolgado, solta algo do tipo: lá vai fulano pela direita para os caminhões tal. Como assim? Para os caminhões tal ? O sujeito ali corre é para o time que defende e, hoje em dia, olhe lá. 

Mas os homens de mercado juram que estão cuidando do produto. E eu vos pergunto: em que planeta um esporte bem cuidado seria tratado assim? Houve um tempo em que pagar uma TV por assinatura te dava o direito de ver o seu time além do sinal aberto. Pouco depois já não bastava. Passou a ser preciso pagar a assinatura e uma outra, a do pay-per-view. Como isso pode ser condizente com algo que se pretende popular, que se fez grandioso sendo popular ? Detalhes que têm minado silenciosamente esse patrimônio cultural brasileiro. 

Não existe acaso quando nossa seleção vira um time comum, ou quando um time do tamanho do São Paulo se apresenta no Pacaembu para dois mil e novecentos espectadores. E nem vamos falar no óbvio, que é a atual pobreza técnica do jogo, mesmo porque é difícil dizer com exatidão se, diante de tudo isso, ela é causa ou efeito. Há mercadores por aí que talvez creiam que o futebol moderno sobreviverá sem a presença do público. E eu não duvido. Eu só duvido é que ele volte a ter a beleza e o apelo que tinha quando levava mais de cem mil ao Morumbi, ao Maracanã. Ainda que isso não fosse a regra como gostam de lembrar alguns. 

Hoje em dia até os que dizem torcer jogam contra. Nos últimos dias times como a Portuguesa, o Palmeiras, o Atlético Paranaense, a Ponte Preta e o Flamengo foram intimidados por supostos torcedores exigindo resultados, como se o jogo de bola fosse uma ciência exata. No caso do time carioca o grupo tinha oito torcedores. Vejam o tamanho da representatividade! Ainda assim, de tão importantes conseguiram uma audiência com o elenco rubro-negro. É por essas e outras que não paro de me perguntar: quem tem feito algo pelo futebol? Johan Cruyff certamente fez !

quarta-feira, 23 de março de 2016

Nossa diversão... e os argentinos!




A Libertadores deu um tempo mas o abacaxi está aí pra ser descascado. Questão de tempo. Voltaremos ao assunto. Antes, lembro que esta semana a diversão fica por conta da seleção brasileira que amanhã entrará em campo pela primeira vez nesta temporada, e pra encarar o Uruguai o que sempre aguça os ânimos. Interessante é notar como a palavra diversão acaba soando esquisita. Que o futebol nos diverte não há dúvida. Mas a falta de arroubo, coisa que ele não tem provocado, e todas as questões pesadas que andam orbitando em torno da seleção nacional têm lhe roubado essa aura divertida. É certo que o grande clássico sul-americano embala o jogo em papel nobre, ainda mais agora que a história recente da celeste se encheu de bons momentos e eles ainda terão de volta o atacante Luis Suárez que anda jogando um bolão. A nós a história recente sugere esperar, no máximo, um bom resultado. Crer em uma apresentação de encher os olhos pode redundar em decepção. E nisso, até Dunga deve concordar já que o próprio não nega que atualmente vivemos pra nos refazer. Veremos. Mas vamos voltar à Libertadores. 

Pelo visto ter três dos últimos quatro campeões da América dirigindo o trio de ferro paulista, como a imprensa fez questão de ressaltar paralelamente à chegada de Cuca ao Palmeiras, pouco significa. Eu continuo intrigado com a velha questão: Se os treinadores argentinos estão mesmo em um patamar acima dos nossos, vide o sucesso deles mundo afora, e se o futebol brasileiro - apesar dessa nossa economia descendo ladeira - paga infinitamente melhor do que os seus vizinhos de continente, qual a razão para termos tantos jogadores sul-americanos por aqui e quase nenhum treinador? 

Tite, até que se prove o contrário, anda fazendo o que se espera de um comandante com esse perfil. Cuca, o Palmeiras foi buscar tarde demais para que se diga, caso o time acabe eliminado como sugerem os números atuais, que ele não deu conta do recado. E o Edgardo Bauza? Duas vezes campeão da Libertadores, El Patón, anda vivendo uma adaptação que mais parece um calvário. Dias atrás pra ajudar o zagueiro Maicon que desembarcou recentemente no tricolor disse que falta compromisso ao elenco são-paulino. Deveria ter ficado calado, mas prefiro encarar o que foi dito como uma absolvição ao treinador argentino que ainda terá dois jogos em casa, apesar de ter jogar a última rodada da fase de grupos contra o The Strongest nas alturas de La Paz. Com míseros dois pontos conquistados nesse momento se o São Paulo vier a se classificar estaremos diante de mais um sinal de que os técnicos argentinos devem mesmo ter algo a ensinar aos nossos.
 

quarta-feira, 16 de março de 2016

O outro jogo


Não sei qual é seu time. Não faço ideia das razões que o levaram a defender as suas cores. Só gostaria de dizer que não me passa esse clima de rivalidade total, quando na verdade o jogo que está sendo decidido é outro e pede mais razão do que emoção. Esse enfrentamento nada tem de majestoso. O espetáculo que hora se revela é tão triste que não há lado que tenha o que comemorar. A realidade é uma só. E evidente. O ingresso está caro pra todos. O serviço que está sendo entregue é de revoltar. Os encarregados de colocar em prática a melhor tática pro momento estão tentando salvar a própria pele e só. Alguns com a cabeça à prêmio. E caso decidam gritar seu descontentamento saibam, de antemão, que burro nesse caso é adjetivo que não cabe. 

E já que entramos no assunto, vamos jogar o jogo. O que me preocupa é que o tempo passa, que quando olhamos ao redor  tudo o que podemos vislumbrar é esse nada novo deserto de homens. Isso mesmo, nesse campo não há um Neymar pra desequilibrar. Não há pra quem tocar a bola. E não há, portanto, o que nos faça acreditar na  possibilidade de virar esse bendito jogo com a rapidez que a situação exige. E agora? Bom, agora as janelas se encheram de bandeiras. Mas torcemos imbuídos de um nacionalismo esquisito, duvidoso até. Não que não haja beleza quando, num domingo qualquer de um final de verão, a torcida decide entrar em cena com todo o ânimo. 

O sufoco está aí, nada tem de irreal. Aumenta a olhos vistos. Mas como há sempre uma lição pra se tirar de tudo é bem possível que a iminência dessa derrota que nos assombra nos faça aprender que futebol é só futebol. O jogo, o jogo pra valer é esse outro. Obviamente sei bem como seria pobre ter uma torcida sem convicções, sem ideologias, sem crenças. Nessa hora o temor, o meu temor, é que lá no fundo - nesse outro jogo - somos todos torcedores de um mesmo time. Mas aí olho ao redor e vejo que a torcida se dividiu. Rachou ! 

E rachou sem ser capaz de criar, ao menos,  algumas nuances em cada uma dessas divisões. O que espelharia algum tipo de riqueza, que não fosse só essa riqueza desde sempre arrancada à força do nosso chão. Seria o mínimo. Mas seria mais do que temos, ou não seria? E como é impossível deixar esse jogo, como é impossível fazer substituições sem pagar um preço, prefiro manter intacta a minha mania de sonhar e seguir acreditando que uma hora dessas essa torcida imensa ainda vai dar liga. E aí, ai de quem ousar não atendê-la


Foto: Dirceu Portugal / La imagem

quinta-feira, 10 de março de 2016

Em dívida

Dessa vez chego pra dividir com vocês certa angústia. É que faz tempo ando prometendo pra mim e para o pessoal aqui da redação escrever algo sobre um jogo de futebol. Desafio que serviria também para driblar minha queda pelas coisas que orbitam em torno dele. Queda que é grande, vocês sabem. Mas não é só a intenção de driblar essa minha tendência que justifica a causa. Tenho pra mim que o embate em campo deve ter seu espaço garantido. Ele é o nascedouro de tudo que faz o futebol ser o que é. O entrave, no entanto, o leitor bem sabe qual tem sido. Os benditos jogos que pouco nos tem dito em termos de emoção e beleza. 

Tempos atrás quando Corinthians e São Paulo fizeram o primeiro clássico da temporada confesso ter esperado algo que merecesse registro. Nada! Nem mesmo o embate da Vila no último domingo deu caldo grosso, apesar de Ricardo Oliveira ter se oferecido como um personagem instigante. E ver de um dos lados do campo um time misto sempre joga contra o espetáculo. Desse Palmeiras que tem sido a grande questão da crônica esportiva nos últimos tempos o que dá pra dizer é que a euforia de um título nacional conquistado sem o mínimo favoritismo - e com um mínimo de futebol - somada a uma insistente veia capitalista, fez o torcedor alviverde se iludir. Compras aos montes geraram uma euforia, mas meio parecida com aquela que se tem ao empunhar um cartão de crédito. E some-se a isso o fato de que o time estava nas mãos de um técnico bicampeão brasileiro. Pra ser claro, o descontentamento que os palmeirenses por hora experimentam não é fruto somente de um time acanhado técnica e taticamente, é a desilusão de quem descobre que andou esperando demais. 

Não por acaso o Corinthians dá outra impressão. O time ao ser desmontado preparou o torcedor alvinegro para o pior. E essa realidade, além de eximir seu técnico de qualquer culpa, deu licença para que se pedisse tempo para mais uma reconstrução. E assim, o Corinthians - apesar do Cerro - se fez dono de um começo de temporada que os oponentes gostariam de ter feito. Quanto ao São Paulo, o primeiro tempo contra o Mogi Mirim foi de dar sono. Mas em algumas partidas cheguei a gostar do jogo proposto pelo time tricolor. Aí veio a derrota de virada para o São Bernardo e, confesso, fiquei na dúvida se o time é merecedor de algum crédito. Só uma gigantesca surpresa nesse jogo de hoje, no Monumental de Nuñez, talvez me faça de alguma forma acreditar que esse time atual do São Paulo tem bala pra livrar o torcedor são-paulino do que tem parecido um castigo. Seja como for, eu sei, continuo devendo um crônica de jogo pra vocês.


* artigo escrito para o jornal "A Tribuna", Santos

quarta-feira, 9 de março de 2016

Uma imagem vale...

Foto: Daniel Augusto Júnior/ Ag. Corinthians

Não há nada de novo nisso, tudo bem! 
As novas tecnologias estão aí. Mas pense bem.
Quantas vezes você já tinha visto por aí uma imagem como essa. 
Mas só vale se tiver sido feita por estas bandas. 
Nada de futebol gringo, pois por lá estamos cansados de saber que 
eles andam à nossa frente. 

A imagem, creio, diz muito sobre Tite. 
E a grande beleza que vejo aí não é exatamente a metodologia, 
a modernidade, é o patamar de comando que Seo Adenor 
dá a impressão de ter atingido.






sexta-feira, 4 de março de 2016

Cadernos de jogo - Palmeiras x Rosario - Allianz Parque 03/03/2016


A chuva cai grossa quando trila o apito.
Dez minutos e, figurativamente, o Palmeiras vencia
com uma bola na trave e uma bela chance com Robinho.
Thiago Santos , em estilo conhecido, leva cartão amarelo.
E não fosse pela jogada merceia ter levado pelo modo que tratou o juiz.
Aos vinte e cinco minutos, redenção! Cristaldo briga e faz um a zero.
Um pouco além....                        
a arbitragem comete o pecado de apontar que Jesus estava impedido.
Aos 38 a torcida faz alvoroço. Mas a chance que comemora é uma cobrança
de falta na intermediária.
Bem antes , lá pelos dez minutos, já era possível dizer que o tal de Colman
bate um bolão.
44' Nem sei se falta foi, viu Dudu?
Fim do primeiro tempo: Um a zero tava bom? O segundo tempo iria dizer.

**

Etapa final. A cultuada posse de bola é dos argentinos.
E a primeira grande chance também
Bola na mão de Jesus! E agora?
14' Robinho chega no bico da área e faz penalti. Sobrou pro Fernando Prass.
Salvou o Prass!!!
Palmeiras se salva do penalti e aos 29' de levar um gol por cobertura.
Zé Roberto tomando passagem...
Robinho sai de cena, entra Allione.
Pinola vai mostrando que é zagueiro daqueles raros, pro que der e vier.
39' Rosário manda no jogo.
41" Colman dá lugar a Pratti. É daquelas trocas que só se explica por cansaço.
Jesus é amarelado.
E não é que aos 47' e lá vai pedrada, Allione, com um quê de Cristaldo no estilo
alivia geral? Palmeiras dois a zero.

**


Noite de chuva. Noite de Cristaldo e Allione. Quem diria?
Mas o enredo do jogo dá o que pensar.
Prass é o destaque e esbanja lucidez.
" Não fizemos o jogo dos sonhos"
Com alguma euforia ouvi alguém dizer logo de cara que se tratava da melhor
apresentação do Palmeiras em 2016.
Bom, olhando bem... mesmo assim pela metade, talvez tenha sido.
Éisso é pra preocupar? Sabe-se lá.


Crédito das fotos: Nelson Almeida / AFP
           

quinta-feira, 3 de março de 2016

Outros tempos


Aaaaaaaaah! Coronel!, entrava na sala berrando o personagem Dirceu Borboleta, finamente interpretado por Emiliano Queiroz, na lendária novela " O bem-amado". Novela que honrava o gênero. Obra de veia crítica feroz. Não por acaso habita até hoje a memória de muita gente onde faz bailar um sem fim de personagens. As irmãs Cajazeiras, o temido Zeca Diabo. Dava pra gostar de todos. Mas existia algo em Dirceu Borboleta. Uma importância discreta. Era ele que trazia até o prefeito as notícias mais espinhosas. Em geral, acontecimentos que poderiam minar a vida pública do prefeito Odorico Paraguaçu, o coronel em questão. 

Eis que na última sexta-feira o futebol brasileiro esteve representado na eleição presidencial da FIFA pelo Coronel Antônio Nunes, o presidente interino da CBF. Acompanhando de longe os acontecimentos fui levado às mais antigas lembranças que trago comigo daquela obra-prima de Dias Gomes. Horas antes do pleito pensava nos nossos homens ali envolvidos e encontrava nisso tudo alguma semelhança, ainda que os papéis soassem invertidos. Pelo que ouvi em dado momento o voto brasileiro, que estava empenhado com o candidato europeu, diante das evidências do crescimento da candidatura do xeque Khalifa, passou a ser perigoso. Onde já se viu num momento desses se abraçar a alguém que poderia acabar derrotado? 

Imaginei, então, que pra evitar o pior alguém poderia ter saído em disparada por lá aos gritos atrás do coronel para avisá-lo que o combinado estava descombinado e que, a partir dali, o voto brasileiro poderia ser outro. Imaginei que diante do ar interrogativo do coronel, querendo entender tudo o que se passava, alguém pudesse ter iniciado um discurso a la Odorico, dizendo: Veja bem, Coronel. Dadas as implicâncias e suplicâncias desses nobres que vem lá daquele lugar que eu nem sei dizer o nome direito chegamos à conclusão que o melhor para o futebol brasileiro e mundial é esse tal Salman sei lá o quê. E dando sequência à cena dos papéis invertidos, o sujeito que trouxe a notícia voltaria a dizer como o coronel deveria proceder. 

No final nada disso foi preciso. Venceu mesmo o suíço Infantino, que escutou de nossas autoridades o óbvio, que poderia contar com elas. E que Sucupira, ou melhor, o Brasil estava preparado pra fazer o que fosse preciso. E aí o coronel, que já não tinha se sentido muito confortável durante aquela discurseira toda, se sentiu ainda mais desambientado quando, mais tarde, nas rodas de conversa, não se falava em outra coisa que não fosse europeizar a FIFA. Fato é que dos tempos do Bem-Amado pra cá muita coisa mudou. O que ninguém imaginou era que um dia existiria quem desse ordem aos coronéis.