quarta-feira, 30 de abril de 2014

Caymmi 100


Sou, desde sempre, um apaixonado pelo mar e pelas histórias que os homens trazem consigo.Nunca esqueci a primeira vez que ouvi " Quem vem pra beira do mar", de Dorival Caymmi.

Pra alguém como eu, levado pra beira da praia por meus pais por volta dos dois anos de idade,tudo se esclareceu quando ouvi: "Quem vem pra beira da praia, meu bem/Não volta nunca mais..."

Os links abaixo são de textos escritos por Caetano e Milton. Textos com histórias saborosas sobre Caymmi. Vocês nem imaginam quem era a mulher que todo dia pulava o muro da casa do Wayne Shorter pra ouvir o Milton cantar Caymmi, quando Milton se hospedou por lá.




quinta-feira, 24 de abril de 2014

Futebol medroso

 
Você já deve ter ouvido por aí aquela história de que o medo de perder tira a vontade de vencer. A frase pode não ser exatamente essa mas creio não ter desfigurado seu sentido. Mas depois de ter visto a partida entre Atlético Mineiro e Corinthians, que marcou a estreia dos dois últimos campeões da Libertadores no Campeonato Brasileiro, digo mais. Digo que o medo de perder hoje em dia se tornou a grande ameaça que paira sobre o que resta de beleza no futebol. 

A engrenagem está aí, não é difícil de ser decifrada. É preciso jogar o jogo e não tornar vulnerável os milhões ali investidos. Assim sendo, jogadores medianos - mas que custaram muito - são escalados infinitamente, ou quase. Vão tendo chances muito maiores do que o talento por si só seria capaz de garantir a eles. E os treinadores, que há tempos passaram à condição de vedetes, sabem ter muito a perder. Como não nasceram ontem, conhecem como ninguém as regras, não do jogo, as do mercado. 

Estão todos cansados de saber que não há virtude capaz resistir às derrotas e por isso fazem o que for preciso para escapar delas. Lógico, ninguém entra em campo, ou fica à beira dele, pra perder. Mas chegamos a tal ponto que estamos sendo condenados por tudo isso a assistir jogos que de tão estudados têm a aura massante de uma preparação para o vestibular. É triste de ver, ainda mais quando se trata de times emblemáticos, de tradição. Não estou falando de pequenos, ocupados com a ingrata missão de não cair. 

Também não espero de quem carrega nas costas tamanha responsabilidade uma tática suicida, um ímpeto para o ataque que beire a inconsequência. Só acho que está mais do que na hora de repensar o futebol nesse sentido. Ele precisa ser arejado ou se verá reduzido somente à vitória. E aí reside a questão. Também não espero que os donos do espetáculo passem a tratar o futebol com sensibilidade, mas precisam tomar consciência da necessidade da beleza, da criatividade e do improviso em seu negócio. 

Sei que há nisso tudo algo de onírico. E daí? Não sou o secretário geral da FIFA que disse não gostar de pessoas sonhadoras. O mundo sem essa possibilidade me parece tão opaco quanto o futebol brasileiro dos dias de hoje. Já ouvi de gente com muito experiente em matéria de futebol que é preciso repensar o trabalho que se faz nas categorias de base. Essa coisa do extremo cuidado com a marcação, a valorização da força física, a vitória a qualquer preço. Até agora achei que esse discurso fazia sentido mas sou levado a crer que o que andam fazendo na base é apenas copiar o modelo de cima, tido desde sempre como exemplo.
 

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Futebol temperado


Vão aqui algumas considerações a respeito do que temos visto nos últimos dias. Entre tantos, há um lance que insiste em voltar à minha mente toda hora, apesar de não ter dado em nada. E ainda bem que não deu em nada. Falo daquele penalti cobrado por Paulo Henrique Ganso que o árbitro mandou voltar quando São Paulo e Penapolense decidiam quem, enfim, ficaria com a vaga na semifinal do Campeonato Paulista. 

Não encontrei ninguém capaz de dizer que era mesmo pra ter voltado a cobrança, nem entre são-paulinos. E se em muitos casos a chamada câmera lenta ajuda a complicar a interpretação de um lance nesse, em especial, foi de grande valia. Pois se olhando uma cobrança de penalti usando esse recurso fica difícil cravar que o goleiro se adiantou é porque ele muito provavelmente não se adiantou. 

Outro traço marcante desse futebol que temos visto nos últimos dias é ter sido pródigo em salvar reputações. Que o digam os zagueiros Antonio Carlos, do São Paulo, David Braz, do Santos e o próprio Alessandro Darcie, o juiz que poderia ter comprometido todo o trabalho feito pelo time de Penápolis.E faço desse caso da cobrança de penalti um mote pra esse nosso encontro porque percebo um descontentamento geral com relação a arbitragem. E nem só pelos lances não marcados ou equivocados, mas também pela falta de habilidade para colocar ordem na casa. 

Vejam, isso não tem nada a ver com aquele tipo de discurso muito ouvido por aí de que o futebol do Santos, diante de uma arbitragem sem pulso, é sempre o grande prejudicado. O que eu digo é que pancada é pancada e deve ser punida como tal. No mais, na minha  opinião, o Ituano dá toda a pinta de que, tecnicamente, exigirá mais do Santos do que exigiram os últimos adversários do time da Vila. Pra quem já rasgou a tabela não custa lembrar que neste momento o Ituano é o dono da terceira melhor campanha do torneio, doze pontos à frente do Penapolense.

E se estar diante de um time que fará sua sexta final estadual seguida e é visto como sinônimo de um futebol ousado e bem jogado pode até assustar, por outro lado não deixa de ser um combustível para o adversário.  No geral, apesar da respeitável campanha santista, não dá pra dizer de boca cheia que esse futebol dos últimos dias tem nos dado muito, mas que tem sido um bom tempero esse de insistir em nos mostrar que quando se trata de um jogo de bola tudo é possível, isso tem.