sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Brasileirão: Epílogo

Como se não bastasse o futebol pobre na maior parte do tempo o Campeonato Brasileiro deste ano em seu epílogo ainda ofereceu aos interessados cenas capazes de virar o estômago de muito torcedor acostumado a sordidez das arquibancadas. E pra mim mais triste do que a violência é se descobrir num país que não evolui. Aqui  tudo acontece, e acontece de novo, e de novo. Os crimes são praticados no mesmo lugar, do mesmo jeito, pelos mesmos marginais.. Parece que não conseguimos tirar lições do que vivemos.

Deveríamos ter aprendido alguma coisa quando em 2009, também na última rodada do principal torneio de futebol do país, o estádio Couto Pereira virou cenário de uma verdadeira batalha campal entre torcedores e a polícia depois de encerrada a partida que rebaixou o time da casa, o Coritiba. Um jogo com ameaça real de rebaixamento jamais será um jogo como outro qualquer. Deveria ser, mas estamos todos cansados de saber que não é. E qualquer um que se diga responsável pelo nosso futebol tem a obrigação de estar ciente disso e agir. Mas quem verdadeiramente zela pelo nosso futebol?

A punição imposta ao Coritiba com o tempo praticamente se diluiu, quem lembra dos detalhes me dará razão. E a punição que veremos dessa vez deverá, como sempre, ser no máximo algo que beira a impunidade. Faz tempo que verdadeiros marginais foram se esconder debaixo de escudos de times. São figuras fáceis, frequentam sempre os mesmos lugares, dão bandeira a cada rodada, têm as fichas sujas, mas seguem lá sendo tratados como heróis. E ninguém faz nada, absolutamente nada.

Se não fosse a imprensa tempos atrás dedurar a presença daqueles mesmos torcedores que ficaram encarcerados na Bolívia -  acusados pela morte de um garoto de quatorze anos - naquela briga entre corintianos e vascaínos no recém inaugurado estádio Mané Garrincha, em Brasília, a CBF nem teria ficado sabendo, a Federação Paulista muito menos. E o Ministério do Esporte, se perguntado,  não me espantaria se dissesse que não era problema dele.

Diante dos fatos restou à Federação Paulista emitir uma nota banindo os tais torcedores dos estádios. Bom, aí restou a imprensa voltar lá pra ver que eles não estavam preocupados e continuavam na arquibancada... sem amolação maior. Mas pelo que tem sido visto e ouvido por aí o Ministro do Esporte anda mais preocupado com o atraso das noivas do que propriamente com o nosso futebol. Como bem disse um comentarista político dia desses, a impressão é que ele ainda não percebeu que mais do ninguém tem a obrigação de, no mínimo,  fazer o nosso futebol não ser motivo de vergonha. Não pega bem para um país que aceitou ficar exposto aos olhos do mundo e que reclama quando um certo secretário-geral diz que anda merecendo um chute no traseiro.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Por um sorteio porreta!


Amanhã quando o sorteio dos grupos do Mundial do ano que vem estiver encerrado a Copa de 2014 terá ganho  contornos definitivos. O prato que serve os analistas transbordará possibilidades. Teremos uma ideia muito clara daquilo que nos espera. Há um sem fim de observações a se fazer em torno do assunto.

É fato que se a FIFA tivesse tido um pouco mais de paciência, se tivesse aguardado o resultado das repescagens e não tivesse usado o ranking de outubro para definir os potes do sorteio teria evitado as manobras que se seguiram. Fosse o ranking de novembro - e não de outubro - o parâmetro, Portugal e Itália teriam se tornado cabeças-de chave e a França estaria no pote dois, ocupando o lugar que ficou com a Rússia. E ponto!

Mas essa questão do ranking me incomoda muito menos do que ouvir o secretário-geral da FIFA, Jerolme Valcke, até uns dias atrás fazer mistério com o destino da França que tinha seu destino indefinido. A campeã do mundo em 1998 poderia tanto ser colocada diretamente no pote dos sul-americanos e dos africanos, como entrar num sorteio que reuniria as nove seleções européias para definir qual delas ficaria no pote dos sul-americanos e africanos. 

Seria muito salutar que as regras todas tivessem sido definidas antes. Quanto menor a margem de manobra melhor. A opção, lógico, foi pela segunda possibilidade, um sorteio entre as nove seleções da Europa. Com o detalhe de que a seleção sorteada irá diretamente para um grupo que terá como cabeça-de-chave uma seleção sul-americana, que também será definida por sorteio.

Olha, se você ficou confuso tente encontrar amparo na frase do próprio secretário-geral ao comentar o assunto: "Não é fácil explicar, mas espero que todos entendam no fim". Pra ser sincero, acho que um grupo porreta reunindo o que o futebol tem de melhor daria à fase de grupos da Copa um ar mais interessante. Veremos se a sorte está ao nosso lado, seja lá o que isso signifique. 

De certo, por hora, apenas que o mundo agora nos enxerga através de um futebol que não é exatamente o nosso, um futebol onde os cartolas tem direito a segurança de chefes de estado, um futebol que pode se dar ao luxo de gastar algumas dezenas de  milhões de reais pra fazer um sorteio. O nosso futebol de verdade tem outra cara. 

Que um dia o mundo tenha olhos para aquilo que é nosso, que tem nosso jeito. Que o mundo um dia entenda a graça de um artilheiro peso-pesado como o Walter, do Goiás, o simbolismo de um Flávio Caça-Rato levando o Santinha ao seu primeiro título nacional. Que o mundo um dia venha para cá provar um sanduíche de pernil na porta do Morumba, a refrescância de um Chicabon comprado na arquibancada. Por que daqui em diante os holofotes estarão cada vez mais sobre esse circo que há tempos corre o mundo carregando seus interesses e nossas emoções.