quarta-feira, 31 de julho de 2013

Futebol em vinil


Acabo de passear pelo site globo.com e lá encontrei isso.
Se você gosta de discos de vinil e de futebol, trata-se de um prato cheio.

http://globoesporte.globo.com/bau-do-esporte/tocaabola.html

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Nós e o Papa

De acordo com o que foi divulgado, nesta quinta o Papa Francisco terá um encontro com atletas, no Rio. Ao lado de Sua Santidade - que já sabemos torcedor do San Lorenzo de Almagro, da Argentina - estarão nomes como Pelé e Neymar, entre outros. É de se imaginar que nenhum engraçadinho por lá perguntará ao sumo pontífice quem foi melhor, Pelé ou Maradona? Muito menos se versará sobre o fato de que por aqui Pelé nunca teve direito a uma igreja, ao contrário do que se deu com Dieguito, que em 1998 viu nascer, na cidade de Rosário, uma tal Igreja Maradoniana. Lá, claro, o camisa 10 argentino é deus.

Mas diante de um Papa que tem feito das quebras de protocolo uma marca, tudo é possível. E há algo de confortável no fato de saber que ele se entrega ao prazer do futebol. Mas se ele quiser ter uma boa ideia dos pecados esportivos que andam sendo cometidos por aqui sugiro que leia o recente manifesto feito pela ong Atletas pela Cidadania, que tem no seu quadro algumas das figuras mais expressivas do esporte brasileiro. Ana Mozer, Raí, Cafu, Magic Paula, Gustavo Borges. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos que nasceu com a intenção de conscientizar e mobilizar a sociedade brasileira para assuntos que consideram importantes para o país.

Depois de tal leitura inevitavelmente concluirá que o país do futebol é dono de uma infra estrutura público esportiva deficiente. Que os dirigentes de Federações por aqui se perpetuam no poder como ditadores. Que não existe, e nunca existiu, um plano nacional para o esporte. Que os grandes eventos que têm nos colocado na vitrine do mundo têm provocado remoções que violam os direitos humanos. Tudo muito mundano. Nada que seja capaz, eu imagino, de surpreender alguém que, como poucos, está ciente das fraquezas dos homens.

Mas nem tudo aqui, Papa Francisco, é lamento. Que o diga o jovem brasileiro, Alan Fonteles, de vinte anos, que dias atrás fez bem mais do que conquistar uma medalha de ouro no Mundial de Atletismo Paraolímpico. Ele quebrou o recorde mundial dos 200 metros na classe T43, com o tempo de 20 segundos e sessenta e seis centésimos. Quase meio segundo abaixo da antiga marca, que pertencia ao sul-africano, Oscar Pistorius, primeiro atleta paraolímpico da história a correr em igualdade com atletas não deficientes de nível olímpico e mundial. Meu bom Francisco! Nem tudo que acontece por aqui é fácil de explicar. Essa eficiência bonita de brasileiros supostamente deficientes, por exemplo, que nada tem de milagre

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Quem está limpo?

Nunca esqueci a declaração que ouvi certa vez da boca de um renomado técnico de atletismo cujo nome irei omitir aqui por razões óbvias. Naquele dia, encerrada a gravação de uma longa entrevista continuamos conversando e o papo foi parar na questão do doping. Categórico, ele sentenciou: "Não existe ninguém totalmente limpo nesse nível". Quando falava em "nível" queria dizer os atletas que ao redor do mundo eram conhecidos como os de ponta.

Não que tenha me causado muita surpresa ouvir aquilo, mas lembro de ter ficado alguns instantes sem saber ao certo o que pensar. Brotou um silêncio. Afinal, a declaração trazia consigo o impacto de um ponto final. Isso aconteceu há quase vinte anos e eu duvido que de lá pra cá o atletismo tenha se tornado mais limpo, ainda que os testes tenham evoluído muito.

Por isso, não foram poucas as vezes em que eu, embasbacado com a velocidade do jamaicano, Usain Bolt, atual recordista mundial dos 100 metros e bicampeão olímpico, me peguei pensando como será triste se um dia isso tudo acabar manchado por um doping. Bolt segue sendo um mito e afirma que está limpo. Mas esta semana dois grandes nomes que seduziram o mundo correndo a nobre prova dos cem metros foram flagrados por exames. O americano Tyson Gay, dono da melhor marca do ano, e o jamaicano, Asafa Powell, ex-recordista mundial e campeão olímpico.

Não é preciso ser um observador apurado para notar que na engrenagem do esporte de alto rendimento o corpo acabou virando um meio. E tem sido tratado de acordo com a necessidade que se revela. Basta ver o desenvolvimento físico dos jogadores de futebol. E não é apenas na transformação de meninos franzinos em atletas musculosos que o futebol mostra seu lado físico-laboratorial.

Um estudo recente da FIFA com as seleções que participaram da Copa do África do Sul mostrou que mais de setenta por cento dos jogadores se medicaram no mês do mundial. E que quase quarenta por cento deles, com dores, tomaram analgésicos antes de entrar em campo. Houve o caso de uma seleção em que dos vinte e três convocados vinte e um tinham feito uso desse tipo de medicamento.

Números que deixam claro, também, o preço de um mundial disputado em fim de temporada. No lugar do descanso ideal entram os anti-inflamatórios. E tão alarmante quanto esses números foi o fato de os jogadores sul-americanos terem tomado quase o dobro dos medicamentos dos atletas de outros continentes. Mesmo se tratando de substâncias permitidas pela Agência Mundial Antidoping fica fácil concluir ao que pode levar toda essa pressão a que estão submetidos atualmente os atletas e os médicos pagos para cuidar deles.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

O "Três tempos"


Adianto que a resposta para a questão que o texto abaixo traz é um sonoro NÃO.
Até agora nenhum clube se habilitou a cuidar da parte psicológica dos seus atletas. Andrea Seabra, a autora do projeto "Três tempos", cujas preocupações seram listadas abaixo faz questão de parar a conversa na hora, caso o interlocutor faça alguma menção de que os clubes já usam a psicologia. "Não desse modo", dirá Andrea de maneira decidida.



A realidade mostra que se os garotos que sonham viver do futebol estão longe de
encontrar o amparo ideal, imaginem aqueles que já descobriram todas as dores e delícias do mundo da bola e, por uma questão meramente temporal, já deram ou estão prestes a dar adeus a ele.

 
 


3 Tempos
 
Não foi sem orgulho que ouvi, vi e li, inclusive neste blog¹, declarações de apoio dos jogadores de futebol da seleção brasileira e, depois, de outros jogadores, às manifestações que tomaram as ruas de muitas cidades brasileiras.Algumas palavras repetidas chamam a atenção, referências à infância humilde e às dificuldades de acesso a educação e saúde de qualidade. E daí, para lembrar que o futebol ainda é no Brasil uma espécie de alavanca social e econômica para muitos jovens, foi só um pequeno passo. E perceber o que se exige deles, outro passo mais.

A adolescência é um fenômeno psicológico e social. O adolescente tem a necessidade de ter destaque, agradar ao olhar do outro é importante, dá a ele a sensação de existir. O final de adolescência e início da fase adulta já é um enorme desafio, que só se agiganta neste ambiente tão competitivo do futebol. Diante do porvir ainda incerto, o adolescente se depara com sua condição de existência, lançando mão de fantasias e comportamentos impulsivos. As expectativas da família destes jovens podem agravar ainda mais a pressão sobre eles. Quem deve cuidar desse futuro atleta?

Como lidar com uma súbita posição de reconhecimento nacional, aparecendo na mídia de modo intenso, recebendo convites de toda ordem? Como administrar um ganho monetário nunca antes possível, sem se perder? Como entender a fugacidade desta aparição e prestígio? Lidar com fama e glória é muito difícil. A imprensa veicula, com certa frequência, notícias de jogadores promissores que, por desequilíbrios emocionais, diminuíram seu desempenho diante da pressão. Uma pesquisa recente realizada pelo UOL Esporte²revela que uma elevada porcentagem dos jogadores admite ter problemas decorrentes de ilusão de sucesso, arrogância, vida em baladas, violência, drogas, bebidas alcoólicas, etc.

Em um artigo³, Tostão faz um comentário bastante consistente: “A sociedade do espetáculo idolatra, consome e descarta rapidamente seus ídolos. A impaciência com Neymar já começou. Querem que ele dê show em todas as partidas.” Essa é uma tarefa cruel muito difícil de elaborar emocionalmente. Orientar jovens se faz fundamental nessa nova condição, para que tenham melhor critério na seleção do que vem ao seu encontro: drogas, relacionamentos sociais e amorosos perigosos, consumo desmedido de artigos de luxo − e assim sair das situações de deslumbramento e risco.

Jogadores numa fase descendente de seu percurso profissional, assim como jogadores repatriados, também necessitam de orientação.A readaptação a novos desafios pode ser um momento bastante custoso e atribulado. Por meio do apoio especializado os atletas terão mais capacidade de administrar corretamente sua vida privada e profissional. Desta forma, protege-se também os próprios clubes, que terão uma maior garantia e segurança de retorno do investimento que fizeram. Se seus jogadores estiverem psicologicamente bem, emocionalmente estabilizados, a probabilidade de uma boa atuação aumenta significativamente.

Os patrocinadores, por seu lado, poderão usufruir de maiores chances de associação de suas marcas a bons atletas em todos os sentidos. De quebra, todos ainda farão bonito, pois para clubes e patrocinadores é uma oportunidade de se apresentarem como corporações que têm responsabilidade social e se preocupam com esses aspectos humanitários ajudando seus atletas, mesmo depois de deixaram de ser estrelas do time.
Iniciativas de olhar individualmente para esses atletas começam a surgir. Algum clube se habilita?

Andrea M. P. Seabra, idealizadora do "Projeto 3 Tempos" que oferece apoio individual para jovens atletas é psicóloga, formada pela PUC-SP, com mais de 25 anos de experiência clínica realizada em hospitais, clínicas psiquiátricas, projetos corporativos e clínica particular. email: se.abra@uol.com.br 










 





 







 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

À noite no Horto

Era um duelo com promessa de ser inesquecível aquele contra o Newell's Old Boys. E foi. Quando antes dos três minutos de jogo Ronaldinho - com um de seus passes que desdenham do comum - colocou Bernard em condição de marcar, o menino das pernas alegres deu um lustro na confiança da torcida do Galo.
Mas era Diego Tardelli o melhor atleticano em campo. E continuou sendo mesmo depois do goleiro Guzmán, atingido por ele, ter dado uma aula de como tirar proveito de uma situação para esfriar um confronto e deixar o tempo passar. Foram longos oito minutos até que a bola voltasse a rolar. E quando isso aconteceu Tardelli deu a Josué uma clara chance de gol.
Enquanto isso o camisa cinco argentino, Mateo, ia derrubando Ronaldinho. O penalti em Jô, que o árbitro uruguaio Roberto Silveira deixou de dar talvez tivesse permitido ao time mineiro uma vantagem mais condizente com tudo o que o Galo vinha fazendo em campo. E Silveira, que parecia ter trazido cartões amarelos apenas para dar ao Atlético ainda por cima não a reclamação de Bernard e, não só lhe deu o amarelo, como tirou o atacante do primeiro jogo de uma final que ainda seria conquistada.
O árbitro também não veria um penalti de Mateo em Tardelli no início do segundo. Penalti que, é verdade, até as câmeras tiveram dificuldade de ver. Os fatos sugeriam um segundo tempo emocionante para a torcida da casa, mas trouxe apreensão. O Atlético se desencontrou. Ou os argentinos se acharam? Difícil dizer. O Galo estava longe de ser o time agressivo e ameaçador do primeiro tempo. E Cuca tentou resgatá-lo com a ousadia de trocar Pierre por Luan.
Eis que acontece aquele que pode ser visto como o lance decisivo da partida: o apagão. A jogada dos refletores sem luz foi devidamente creditada à subestação de energia do estádio. Vai saber. Foram onze minutos à meia luz, sem jogo.Tempo suficiente para que o técnico do Atlético tivesse uma iluminação. Cuca tirou de campo Tardelli e Bernard para colocar Alecsandro e Bernard. O que muitos, inclusive eu, classificaram como erro se revelou acerto. Pois quando Mateo afastou uma bola da área sem muita precisão Guilherme a pegou, lá fora, e a mandou com força pra rede.
Mas o que poderia ser mais temível do que uma disputa por penaltis com um adversário que vinha de um triunfo diante do Boca após intermináveis vinte e seis cobranças? Cuca já não se contentava em só passar a mão nas sobrancelhas. Iluminado, também apostou em Alecsandro e Guilherme para iniciar as cobranças. E ao assistir à segunda, ajoelhou. Quando Jô e Richarlyson erraram, olhou pro céu. Cruzado bateu o quarto para o Newell's e, ao errar, deixou o suplício argentino com o mesmo tamanho do que acabara de ser imposto ao Galo. Então, veio Ronaldinho... e fez. Veio Maxi Rodríguez... e Vitor defendeu. Cuca se estendeu no chão.
Minutos depois, recomposto, na sala de imprensa disse aos repórteres que tinha decidido tirar Tardelli e Bernard porque tinha visto que estavam "amarrados" pela marcação argentina, que tinha encaixado. Antes, ainda em campo, disse outra coisa que me chamou a atenção. Questionado sobre o penalti cometido em Jô, afirmou que tinha preferido não falar sobre isso com os jogadores porque poderia mexer com eles de modo prejudicial.
À noite no Horto o que se viu foi uma vitória bonita, repleta de detalhes e tão incomum quanto a declaração com jeito de confissão dada pelo presidente do time de Minas. E que disse ele? Disse que "... colocar o Ronaldinho concentrado cinco dias, não é brincadeira". 

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Salve a molecada!

Já fiz aqui neste espaço as minhas elegias ao futebol praticado por meninos. Quando falo meninos digo desses que andam pela casa dos vinte e cujo futebol nos deixa a impressão de que ainda é possível sonhar com o triunfo do instinto sobre a competitividade. Mas acontece que faz tempo que o talento da meninada anda salvando a cabeça de muito dirigente. Se eles quando são lançados - um tanto na fogueira - dão conta do recado, do que não seriam capazes se tivessem direito a um début, digamos, mais digno e planejado?
 
Não descarto a hipótese de que esse clima de tudo ou nada a que são expostos acaba por forçar e acelerar o amadurecimento deles. Fato é que talveznão seja uma maneira justa de tratar o talento. Como sempre no futebol, quando as coisas dão certo ficam sempre com um jeitão de passeio pelo céu, um flerte com o paraíso. E o discurso que os enaltece fica parecendo um tanto oportunista. Digo isso porque o potencial das novas gerações jamais parece ter encontrado um cartola capaz de confiar plenamente nos diamantes brutos que lhes vêm às mãos.
 
Há sempre um atleta rodado na mira que, fatalmente, abocanhará uma considerável fatia da receita do clube. E em troca disso, se supõe, servirá de referência para a molecada. Não me entendam mal. Já não tinha nada contra a contratação de um Robinho. O que me move aqui é até onde vai a confiança que os cartolas depositam na molecada. Até porque não se verá por aí, em canto algum, um time formado só por garotos. E não estou sugerindo correr esse risco.
 
No entanto, também é fato que sempre haverá em um elenco profissional gente com experiência suficiente para apontar caminhos e orientar. Mas a impressão que fica pelo que temos visto é que os dirigentes acham que só alguém que ganhou o status de estrela seria capaz de ministrar aulas sobre tal matéria. Já disse em outro momento, e volto a dizer, sou totalmente a favor da molecada, mas não acho salutar apontá-los como solução.
 
A molecada não deve ser vista como um antídoto à falta de maiores esperanças que fatalmente se abate sobre times em que o planejamento esteve longe de ser perfeito. Se há uma virtude capaz de envaidecer a torcida de uma agremiação é a capacidade de não deixar a peteca cair. O futebol tem altos e baixos, todos sabemos disso, mas quando um time em duas temporadas deixa de ocupar o posto de candidato a conquistar qualquer título que dispute e condena a sua torcida a conviver com um certo temor do rebaixamento é porque alguma coisa realmente saiu errado. E aí, decidir chamar a molecada pra resolver não é coisa que se faça.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

A Dilma no Bar do Zé Ladrão

Eu estava lá. Sei que parece frase saída da boca daquele tipo de sujeito que se inclui descaradamente entre os milhões que dizem ter visto a final da Copa de 50 no velho Maraca.

Mas trata-se da mais pura verdade. Eu estava lá, eu vi. Falo do dia em que Dilma entrou em rede nacional para falar sobre as manifestações que sacudiram o país. Você pode estar aí dizendo o que isso tem de mais. Pois eu lhe digo, companheiro. Nunca antes na história deste país o Bar do Zé tinha parado pra ouvir alguém falar.
 
Desde sempre a televisão que lá está era muda. Os jogos que deram o clima de tantas tardes e noites lá são vistos sem aúdio, isso mesmo. Nada pode interferir no burburinho do lugar provocado por línguas destravadas depois de algumas tulipas. Lá se fala mais do que se escuta. E isso é praticamente constitucional no venerando botequim. Ou melhor, era. Divido aqui discretamente com vocês que em dados momentos até perdi o fio da meada do que vinha sendo lido pela presidenta ali no teleprompter presidencial... tão embasbacado que estava com o clima que tomou o lugar.
 
Ouso dizer até que nos primeiros minutos não houve registro de um único gole por mais que alguns tenham se aproveitado da situação para exercitar aquele tipo de humor bélico. Lembro bem, por exemplo, de ter ouvido um invocado grito de ' sapatão' vindo de algum lugar. A coisa foi tão séria que quando a Dilma passou a citar a Copa do Mundo, outro manifesto me chamou a atenção. Alguém lá mais ao fundo ainda fez questão de mostrar sua  indignação.
_ Pô, o bicho tá pegando e essa dona ainda vem me falar de futebol? Tenha paciência!
Mas nem todo mundo estava indignado. O tio, autor da marchinha do Bar do Zé no último carnaval, e sarrista dos bons, encostado na parede com o copo apoiado no balcão, mantinha no canto da boca um sorrisinho ácido que ele mesmo faria questão de explicar pouco depois. O sujeito trabalha numa empresa que vende produtos químicos, entres os quais um que é matéria prima na fabricação de gás lacrimôgeneo e, claro, tá vendendo como nunca. É mole? E, como se não bastasse, pra não perder a veia de humorista mandou :
_ Ô Zé, amanhã nós vamos queimar uns pneu aqui em frente. É cerveja a quatro e cinquenta ou vamô quebrar tudo.
 
Foram uns quinze minutos diferentes de tudo que já tinha sido registrado nesse meio século que o Seo Zé atravessou atrás do balcão. Não vou ser cara de pau a ponto de dizer que o clima permaneceu inalterado durante os eternos quinze minutos de pronunciamento. Mas que foi coisa de louco, isso foi. Algum tempo depois de passado acontecimento tão singular, eis que surge mais um freguês. O cara entrou naquela simpatia, estendeu a mão, e perguntou:
_ E aí, como vai?
Alfredinho, o juventino, não titubeou:

_ O Brasil tá complicado. Do resto tá tudo bem!