David Vincent
Associated press
Inesquecível
A foto dizia tudo. Guga faz um movimento. A raquete está na sua mão direita, e ela acima da sua própria cabeça. O braço esquerdo está esticado na altura do ombro, precisamente reto. A imagem sugere um balé, elegante. A bolinha amarela flutua no ar, à esquerda da cena. Guga está de costas. O que está de frente é a numerosa e enfeitiçada torcida da quadra central de Roland Garros. Uma multidão de olhares hipnotizados. Um flagrante fotográfico que me fez perceber, uma vez mais, a importância daquela figura que se despedia em alto estilo.
A história de Guga transcende porque extraiu do esporte algo mágico. Coisa cada vez mais rara. Sobre ele não basta dizer que foi o mais vitorioso tenista brasileiro.Guga foi além.
Há gente neste mundo que nem faz idéia do que é vencer uma Masters Cup derrotando nomes como André Agassi e Pete Sampras. O Sampras, cara! Eu nem os culpo por isso.
Mas há também aqueles que com compromisso, ou não, aprenderam a gostar de tênis nesse país do futebol. Mesmo eles, em seus devaneios mais incríveis, jamais imaginaram que veriam o dia em que um brasileiro reinaria absoluto nesse universo povoado por raquetes e fortunas. Impensável. Um esportista capaz de consolidar a liderança destruindo mitos. Assim foi Gustavo Kuerten.
Parece ter aprendido muito bem a lição que um dia o poeta Fernando Pessoa eternizou:
“Qualquer que seja teu trabalho, põe individualidade nele, esforça-te por lhe pores qualquer cousa de único, de diferente, de teu. Há aventuras até no fazer embrulhos. Há campo para a criação até na redação de faturas”. Ah! As esquerdas de Guga. Talvez não tenha sido por acaso que o triunfo na Marters Cup se deu em Lisboa.
Veja, jornalistas são sempre assombrados pela validade das notícias, e esse fantasma me rondou quando iniciei essas linhas. Mas nunca é tarde pra falar sobre alguém que tem lugar garantido na história.
Para ser lembrado
Esta semana também guardou o final da mais recente passagem do técnico Emerson Leão pela Vila Belmiro. E há um traço que une o treinador santista e o nosso tenista, agora aposentado: a personalidade forte. Quem acha que Guga nunca teve dificuldades para se relacionar com a imprensa, por exemplo, se engana. Não se trata de algo simples.
Os críticos podem ter mil motivos para comemorar a saída de Leão. Só não podem engrossar o coro daqueles que para alimentar uma boa polêmica abrem mão até da razão.
Afinal, Leão não só livrou o time santista de uma campanha vexatória no Campeonato Paulista, como esteve perto de colocá-lo na semifinal da Libertadores.
A falta de resultados do Santos atual está longe de ser um “problema técnico”.
A foto dizia tudo. Guga faz um movimento. A raquete está na sua mão direita, e ela acima da sua própria cabeça. O braço esquerdo está esticado na altura do ombro, precisamente reto. A imagem sugere um balé, elegante. A bolinha amarela flutua no ar, à esquerda da cena. Guga está de costas. O que está de frente é a numerosa e enfeitiçada torcida da quadra central de Roland Garros. Uma multidão de olhares hipnotizados. Um flagrante fotográfico que me fez perceber, uma vez mais, a importância daquela figura que se despedia em alto estilo.
A história de Guga transcende porque extraiu do esporte algo mágico. Coisa cada vez mais rara. Sobre ele não basta dizer que foi o mais vitorioso tenista brasileiro.Guga foi além.
Há gente neste mundo que nem faz idéia do que é vencer uma Masters Cup derrotando nomes como André Agassi e Pete Sampras. O Sampras, cara! Eu nem os culpo por isso.
Mas há também aqueles que com compromisso, ou não, aprenderam a gostar de tênis nesse país do futebol. Mesmo eles, em seus devaneios mais incríveis, jamais imaginaram que veriam o dia em que um brasileiro reinaria absoluto nesse universo povoado por raquetes e fortunas. Impensável. Um esportista capaz de consolidar a liderança destruindo mitos. Assim foi Gustavo Kuerten.
Parece ter aprendido muito bem a lição que um dia o poeta Fernando Pessoa eternizou:
“Qualquer que seja teu trabalho, põe individualidade nele, esforça-te por lhe pores qualquer cousa de único, de diferente, de teu. Há aventuras até no fazer embrulhos. Há campo para a criação até na redação de faturas”. Ah! As esquerdas de Guga. Talvez não tenha sido por acaso que o triunfo na Marters Cup se deu em Lisboa.
Veja, jornalistas são sempre assombrados pela validade das notícias, e esse fantasma me rondou quando iniciei essas linhas. Mas nunca é tarde pra falar sobre alguém que tem lugar garantido na história.
Para ser lembrado
Esta semana também guardou o final da mais recente passagem do técnico Emerson Leão pela Vila Belmiro. E há um traço que une o treinador santista e o nosso tenista, agora aposentado: a personalidade forte. Quem acha que Guga nunca teve dificuldades para se relacionar com a imprensa, por exemplo, se engana. Não se trata de algo simples.
Os críticos podem ter mil motivos para comemorar a saída de Leão. Só não podem engrossar o coro daqueles que para alimentar uma boa polêmica abrem mão até da razão.
Afinal, Leão não só livrou o time santista de uma campanha vexatória no Campeonato Paulista, como esteve perto de colocá-lo na semifinal da Libertadores.
A falta de resultados do Santos atual está longe de ser um “problema técnico”.
* artigo escrito para o jornal "A Tribuna" 26/05/2008