quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Afirmação feita para iludir

É mais ou menos assim que o dicionário define a mentira.
Disse maradona, ao jornal inglês "The Sun", sobre o inesquecível gol que marcou com a mão sobre a Inglaterra na Copa de 1986:

" Se pudesse pedir perdão e voltar atrás, mudando a história, eu o faria."

Exagero ou mentira?

$$$






(Montagem sobre foto de Ed Viggiani)












A pesquisa sobre quanto deveria custar
o ingresso mais barato do Campeonato Paulista foi encerrada.

Com 35% dos votos, venceu a opção número dois, que indicava o preço de 20 reais.

A nova pesquisa já está "postada". Participe.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A rodada em pouco mais de três imagens

No empate pra lá de magro do Corinthians, a defesa do goleiro do Sertãozinho no segundo tempo com a bola batendo no chão e passando, caprichosamente, por cima do travessão.

No vitória por três a um do São Paulo, o belíssimo chute de Jorge Wagner que decretou o segundo gol do tricolor.

No dinâmico jogo do Cruzeiro pela Libertadores, que também terminou em três a um, além do belo chute de Marcelo Moreno e o interessante gol de Ramires, a "espanada" do Marcinho pouco antes do final do jogo.

Em tempo, o Palmeiras é um caso à parte.

Antes tarde...

Segue artigo que citei dias atrás... atendendo aos pedidos de alguns.

Boa leitura!




O carro que o São Paulo deve a Peixinho
Ignácio de Loyola Brandão

Tarde de janeiro, Araraquara, uma semana atrás. Cidade meio deserta, os que se foram para o réveillon ainda não voltaram. Um grupo expressivo está reunido no velório municipal para se despedir de Vera Alvares, parente chegada, amiga, mulher destemida que durante anos lutou contra a doença, mas foi por ela vencida. A enormidade de coroas de flores, uma delas da APAE, pela qual Vera batalhou anos, assistindo a um sem-número de pessoas, mostrou quem ela era, os amigos que fez. Pouco antes de o caixão ser conduzido pelas alamedas, veio uma ventania que vergou árvores, quase levou pelos ares uma banca de jornais. A água desabou violenta, todo mundo correu. Contaram que Vera tinha medo de chuva. Aquela vinha para se despedir dela ou para retardar um pouco a viagem final?

Quando percebi, estava ao lado de um homem magro, moreno, óculos modernos, bem disposto, ar de alguém que envelhece de bem com a vida. Todos que passavam, o cumprimentavam cordiais, estendiam a mão, faziam um aceno, davam um abraço. Quem era tão popular assim? Mário Sérgio Galera, um parente, me salvou, ao exclamar:- Peixinho! Você também!- Vim dizer adeus à Vera! Não podia deixar.Peixinho. Então era ele? Décadas recuaram. Peixinho era o ponta-direita da Ferroviária. Pequeno, frágil, entortava defesas, como se dizia. Rápido como azougue, outra expressão de época. Bem-humorado, galhofeiro, fazia que ia, ficava, fingia que sairia pela direita, saía pela esquerda, praticava sempre a jogada inesperada. Era alegria, jogava pelo prazer, era feliz naquele espaço estreito de campo que lhe concediam. Tempos que havia no interior um clube respeitado, amado, a Ferroviária de Esportes. Time que enfrentava o Santos sem medo. Perdeu muitas, mas ganhou o suficiente. Bazani, meio-campo, que morreu recentemente, dizia que eles ficavam observando a entrada do Santos. Se o 'negão', na sua expressão, o Pelé, entrasse com a bola aninhada nos braços, ia ser pauleira, jogo impossível de vencer. Pelé declarou um dia que um de seus marcadores mais duros e mais leais sempre foi Rodrigues, da Ferroviária. Foi a esse time que Peixinho pertenceu. Nunca soube de onde veio o apelido, uma vez que seu nome é Arnaldo Poffo Garcia.

Fiquei ali imaginando que parece acabada a época dos pontas que avançavam até a linha de fundo para centrar bolas, fazer cruzamentos, ou continuar dentro da área deixando atemorizados os zagueiros. Mudou o futebol, mas me pergunto: para melhor? Do ponto de vista de quem gosta do espetáculo, da arte, da brincadeira? Peixinho foi ídolo na cidade até ser vendido ao São Paulo. Parecia predestinado. No dia 2 de outubro de 1960, ele foi escalado para o jogo inaugural entre São Paulo e o Sporting de Lisboa. O Morumbi ainda não estava terminado, mas a diretoria decidiu fazer a festa. Havia anos os são-paulinos esperavam seu estádio. Havia 13 anos não conseguiam nenhum título. Só se pensava na construção do Morumbi, numa região distante e deserta. Loucura, diziam todos. Quem vai assistir ao jogo naquela lonjura?

Naquele outubro de 60, veio o jogo esperado. A grande novidade foram as traves redondas, em lugar das tradicionais, quadradas, hoje abolidas no mundo. O tricolor entrou em campo com Poy, Ademar, Gildésio e Riberto. Fernando Sátiro e Vitor. Peixinho, Jonas (Paulo), Gino, Gonçalo (Cláudio) e Canhoteiro. Como se tratava de festa, o São Paulo havia prometido um carro ao autor do primeiro gol. O jogo corria e nenhum gol, os ponteiros avançavam, como diziam os locutores, e nada. Finalmente, saiu. O primeiro gol do Morumbi foi marcado por Peixinho, o jogador que tinha vindo da Ferroviária. Lembro-me que os araraquarenses comemoraram, afinal, também os nomes da cidade e da AFE seriam lembrados para sempre. Os jornais noticiaram em manchete: São Paulo 1 x Sporting 0: o resultado para a história.

Nessa tarde quente de janeiro, esperando a chuva passar para me despedir de Vera, estendi a mão a Peixinho, que estava acompanhado de outro ex-jogador, o Mateus:- Você é personagem meu.- Sei, claro que sei. Li o livro. Apareço na página 29, quando você fala da inauguração do Morumbi.

O livro é o São Paulo, a Saga de Um Campeão, lançado em 1994. Foi um prazer escrevê-lo, é uma bela trajetória, quase um romance, parte da história da cidade de São Paulo. Falamos de generalidades, Peixinho, com 67 anos, mora em Piracicaba, teve restaurante, conduz seus negócios, é afável, tranqüilo, parece ter resolvido bem a vida.- Quem diria? Mal saiu da AFE entrou para a história do futebol.- Daqui a três anos, vou comemorar.- Os 50 anos do primeiro

gol?- Não! Os 50 anos do carro que nunca recebi.- O carro?- O São Paulo tinha prometido um carro a quem fizesse o primeiro gol.- Você fez. Não recebeu?- Até hoje, não. Vai ver o administrador esqueceu, perderam a chave, o carro deve estar ainda no porão do estádio. Talvez seja um velho Fusca.
- Cinqüenta anos. Bela data. Quem sabe o carro ainda venha!
Peixinho riu:
- No fundo, esperavam que o gol fosse feito por um dos dois cobras do time, o Gino ou o Canhoteiro, megajogadores. Daria muita mídia. Mas foi o menino recém-saído do juvenil que escreveu a história. Acho que frustrei expectativas. Esqueceram. Talvez nas bodas de ouro do gol se lembrem e me entreguem o carro que nunca vi.

A chuva passou, o cortejo saiu, levamos Vera ao seu canto, o sol brilhou rápido, despediu-se dela.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

goleiro - 1987


Rubens Gerchman - acrílico sobre tela

O futebol como uma pintura

Para os que vibravam ao ver a arte invadir o campo do futebol
Para os que vibravam ao ver o futebol invadir o campo da arte

Este foi um dia triste

Morreu Rubens Gerchman

O futebol e seus erros

Já ouvi, já participei, já acompanhei polêmicas sobre arbitragens de futebol, e não penso duas vezes para afirmar que poucas ecoaram como essa do último final de semana. Qual terá sido o principal motivo?
Afinal, "erros de apito" temos visto muitos, bem mais grosseiros e decisivos.

Qual terá sido, então, os elementos que causaram tamanha explosão?

Tratava-se de um clássico. Tratava-se de um duelo que nos últimos tempos teve a rivalidade levada às alturas. Tratava-se da oportunidade para um time recém rebaixado resgatar parte do brio. E, tratava-se, acima de tudo, de um momento especial para um dos times mais vencedores do nosso país afirmar sua superioridade.

Pior para Sálvio Spínola que ficou no meio de tudo isso.

O alvoroço foi tão grande que a penitência do árbitro promete se estender durante um bom tempo. Imagine se na hora de decidir uma vaga nas semifinais esse pontos fizerem falta ao São Paulo.

Pelo que acompanhei, a imensa maioria não tem a menor dúvida sobre o lance do Adriano, foi um gol legítimo. Eu aqui confesso, que não estou totalmente convencido disso, mas...
Também não me agrada essa coisa que andaram dizendo por aí, que "quem acha que foi falta nunca jogou bola, não entende de futebol". Um argumento que, disfarçadamente, sugere que os que discordam da maioria são um tanto ignorantes.

Não fosse a diversidade de pontos de vista nem teríamos chegado até aqui.

E tem mais, erro por erro, as decisões que vieram depois da "decisão" do Sálvio também não foram acertadas. Ou alguém acha cabível afastar um árbitro dos jogos de um único time? Ou ele serve para apitar e tem capacidade, ou ele não tem capacidade e deve ficar longe de qualquer time, para o bem do futebol.

Ao voltar atrás pouco depois - coisa que os árbitros raramente fazem - a Federação Paulista disse que não se trata de um "veto", e que irá apenas "evitar" a escalação de Sálvio Spínola em jogos tricolores.

É preciso dizer mais alguma coisa?

Que um clube necessite de alguém para fazer a "ponte" com a mídia, e nela reclamar em alto e bom som seus direitos, é coisa que não discuto e nem condeno. Cada um defende o seu, como sempre. Aceito o argumento, ainda que sinta nisso um ar de "lei da selva".

Vamos punir erros, tudo bem, bela decisão. Mas não custa lembrar que erros e injustiças no futebol não são exclusividade do Sr Sálvio Spínola Fagundes Filho. Seria útil, muito útil, que a indignação se fizesse presente em outros momentos.

Em outras palavras, o que é pior, um árbitro que comete deslize, ou uma Federação que aceita pressão?

sábado, 26 de janeiro de 2008

Uma cena da Copa SP


Galera de olho no ataque do campeão Figueira

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

454

No dia em que a maior cidade do país fez aniversário, o presidente decidiu ir para o Rio abrilhantar, entre outras coisas, o Dia Internacional em Memória das vítimas do Holocausto.

Acho que foi o sentimentalismo da data que se apoderou repentinamente de mim.

E às margens do riacho do Ipiranga, Jorge Ben foi a figura central do Show - e que heresia ter que colocá-lo nisso - mas o agora, e sempre empolgante, BenJor, ajudou a reforçar o ar carioca que se abateu sobre este vinte e cinco de janeiro.

Talvez seja só a cosmopolita São Paulo deixando o bairrismo de lado.

“São Paulo é uma máquina”, diz o anúncio na TV.

Tudo
enquanto a multidão corre pra garantir um pedaço desse bolo...no Bixiga.

Ah! São Paulo

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Sem surpresa

O que reflete o momento santista não é, exatamente, o fato de ter sido derrotado pelo Juventus por 3 a 1.

O que reflete o momento santista, de verdade, é o fato de ter chegado ao ponto de pressentir a má fase.

No caso desta quinta-feira a derrota não pode ser chamada de surpresa.

Os números e os preços II

Escrevo em especial para o José Renato, para o Arnaldo Gonçalves, para o Marcio Garoni, para o Pascoal, enfim, para os que tiveram o trabalho de tecer comentários a respeito do assunto “preço dos ingressos”. Leia-se " Os números e os preços", parte 1.

Esse testemunho também é, para antes de tudo, exaltar a capacidade dos blogs.
Exaltar a qualidade do que foi dito aqui . A preocupação sobre tema tão relevante.

Passei o dia embasbacado, porque depois de “postar”, foi ficando cada vez mas claro pra mim o descaso com um assunto tão primordial para o torcedor, ou melhor, para o cidadão que gosta de futebol, o preço do ingresso.

Ao José Renato digo que sua colocação me deu uma idéia:
Colocar alguém para escrutinar cada número apresentado.

Ao Arnaldo agradeço ter valorizado a criação de uma “agência reguladora”.
Vou visitar o endereço sugerido. Acredito na idéia.

Ao Marcio Garoni, afirmo que quem tem o poder é o cidadão, o torcedor, que talvez na sua totalidade não saiba, mas tem. Reivindicar, lutar... exige ousadia.

Saudações ao Pascoal que contribuiu com a parte empírica, quase sempre inquestionável, e, sem dúvida, uma grande pista pra quem deveria fiscalizar.

Quanto aos carnês, preço “normal” é um direito. Aceitar tal prática como comum, seria aceitar condições pra desfrutar de um direito.

O caso dos preços é grave.
Um “Campeonato”, seja qual for, deve ter o preço previamente estabelecido.
Cobrar de acordo com quem joga só mostra a imensa bagunça, o imenso descontrole que impera no futebol nacional.

Os números e os preços

Ouvi na CBN que o ingresso mais barato para assistir o jogo entre
Marília e Palmeiras custou 40 reais, e o mais caro 80.

Mais tarde li no UOL que o público foi de 8.146 torcedores, e a renda de 246.020 reais.

Não bate. Ou o número de não pagantes foi enorme, ou contaram o dinheiro errado, ou...o preço não era esse.

Mas, sabendo que há tempos o preço dos jogos com times grandes no interior tem sido abusivo, acho que seria o caso de exigir a criação de uma "agência nacional " para regular o preço do ingresso.

De outro modo continuaremos desse jeito:

Pagando cada vez mais... por um produto cada vez pior !

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

A copa de 2014 como escudo

A entrevista do presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero, postada no Estadão, foi uma nuvem negra a mais nesse nosso horizonte nada promissor.

Segundo Del Nero, para realizar a Copa " tem que ter uma interação". Em outras palavras, não será possível passar o cargo adiante porque " aí chega um outro presidente e vai mudar tudo".

E, além do mais, é " essa segurança que o presidente Ricardo Teixeira quer... para que as federações estejam unidas com ele".

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Incrível

Dessa maneira descrevo Gustavo Kuerten nos seus melhores momentos.

E se há coisa no esporte que me encanta é a surpresa.
O adversário fraco que derrota o mais forte, e por aí vai...

Muita gente que acordou sonada naquele distante domingo de 97 pode ter tido a sensação de ainda estar sonhando ao olhar a TV e dar de cara com um brasileiro disputando a final de Roland Garros. E era só o começo...

Classifico a inesquecível Masters Cup ( e já comprei muita briga em redação por isso), quando Guga venceu Sampras e Agassi, depois de ter perdido a primeira partida para ele, como a maior conquista do esporte brasileiro desde o tricampeonato da seleção no México, em 70.

Sei que muitos vão discordar.

Guga fez o impensável... colocou o Brasil no topo do tênis mundial.

Acredito que a exata noção do que isso representa só virá no futuro, quando pudermos medir o tempo que outro brasileiro demorou pra chegar lá.

Nunca é tarde...

... para ler alguma coisa que vale a pena.

E o artigo de Ignácio de Loyola Brandão no Estadão da última sexta-feira, vale.

O título é: "O carro que o São Paulo deve a Peixinho".

No mínimo, um belo contraponto à essa nossa época em que torcedores, jornalistas e comentaristas não cansam de citar a administração tricolor como exemplo.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Fama... fé e fortuna

Vou começar fazendo uma confissão: Desde o momento em que Kaká, depois de marcar o gol na decisão do Mundial Interclubes, levantou a camisa para mostrar ao mundo a inscrição " I belong Jesus", fui tentado pelo assunto.
Resisti.
Mais tarde conclui que era melhor estender a reflexão, até porque não queria cometer o "pecado" de ser leviano ao tratar de um assunto tão delicado.

A mistura de fama, fé e fortuna, se mostrou altamente explosiva. Ou alguém duvida que a reação seria outra se o dízimo não fosse milionário, ou se o seguidor não fosse tão famoso?

Aos que acharam a capa da "Carta Capital" oportunista, vale lembrar que o pedido da Vara Criminal foi feito em setembro, portanto, antes do astro do Milan entrar de vez no foco da mídia.
Mas vale lembrar também que isso não significa total absolvição.
Afinal, como pregam muitos religiosos, é preciso levar em conta, sempre, a intenção.

Olha, longe de fazer juízo, digo que o jovem Kaká está aprendendo de maneira dura que a fama é tão traiçoeira quanto a fortuna.

sábado, 12 de janeiro de 2008

"Eis a questão"

Era pra ser só um debate acalorado, desses travados todos os dias em vários cantos do nosso país, mas por pouco não virou um papo-cabeça.
Bateu na trave. De repente, bradou o Paulino:

_ Não fala assim do Corinthians, não. É time grande, é time grande.

_ A resposta veio ligeira:

_ Time grande? Quem é grande?

_ Ué! Quem é grande! Corinthians, Palmeiras, Santos, São Paulo, Flamengo.

_ Vou te falar uma coisa, esse conceito pra mim já era, já era. Passou.

_ Como passou?

_ É, passou. Essa coisa de trio de ferro, essas coisas, tudo isso já era.

_ Você é muito esperto, se acha o tal, não dá pra discutir.

_ Acho o seguinte. Houve um tempo em que esses times eram grandes mesmo. Só que não são mais.

_ Tô falando que tu é metido.

_ Quem gosta de futebol precisa entender que essa é uma condição que se conquista. Ninguém pode ser grande só por causa do passado. Ser grande é algo que precisa ser mantido.

_ Tá, você quer dizer que o Corinthians não é mais time grande. É isso?

_ É isso mesmo. Eu não acho, e daí? Grande pra mim hoje é o São Paulo, o Santos, o Internacional. Os outros, são times tradicionais, mas que hoje não deveriam ser chamados de grandes, não. Grande? Na segunda divisão? Pô?

_ Raciocínio de são-paulino, queria ver se você ia dizer isso se fosse palmeirense.

_ Nego quando é "cabeça-dura", vou te dizer, viu. E eu por acaso sou santista? Sou colorado? Pensa um pouco no que eu tô tentando te dizer.

_ Você gosta é de questionar. Tudo pra você tem que ter uma razão. Dá um tempo.

_ É, eu acho mesmo que saber questionar é uma grande virtude, sim.

_ É, mas muita curiosidade transforma o inteligente num chato, meu chapa.

_ Grandes times têm dinheiro pra gastar, revelam jogadores, contratam bem.

_ Xiii! O Santos, então, vai sair da tua lista, né?

_ É sério, meu. Até o São paulo pode sair. Quem é grande não aceita viver de fama.

_ Cê é muito pensador mesmo, né?

_ Não sou, não. Mas ó, nesse caso "ser ou não ser", ainda é a grande questão.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

"Estatístico" ou "Nogueiriano" ?

Ao tomar conhecimento da eleição de Dunga como o melhor técnico de futebol do mundo pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS), imediatamente me lembrei de uma colocação interessante .

Convidado a participar de uma reunião do "MEMOFUT" - um grupo que tem como único objetivo zelar pela memória do futebol - ouvi do seu Presidente, o Sr Domingos D'Angelo, que ali os participantes se dividam em dois grupos. Um formado pelos "estatísticos", e o outro, pelos "Nogueirianos".

Os primeiros, devotos confessos dos números. Os outros, um tanto afinados com o mestre Armando Nogueira, adeptos de uma visão mais poética do jogo, pra não dizer mais humana, o que, evidentemente, soaria tendencioso.

Sem titubear me inclui entre os "Nogueirianos", claro.

Não contesto o título dado ao treinador brasileiro. Afinal, uma vez escolhido o método, a matemática se encarrega do resto.

Mas prefiro encarar essa eleição como uma boa prova de que os números, muitas vezes, brigam com a razão.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

E por falar em frases...

... lembrei de uma outra, dita pelo músico João Donato, e publicada pela revista Piauí, na edição deste mês, a mesma da matéria sobre o "consultor" José Dirceu.

"Som nas alturas impede que as pessoas pensem. É algo que vai contra as leis da natureza. Ou alguém já ouviu um trovão durar cinco horas?"

Com um pé atrás

" Contratar o Luxemburgo é alugar apartamento mobiliado.
Mas, se já tenho casa e mobília, só preciso da faxineira."

A frase do dirigente sãopaulino Marco Aurélio Cunha, que está no "Painel FC",
da "Folha" de hoje, com certeza fez muito santista concordar que é exatamente assim que eles estão se sentindo... sem mobília.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Quanto mais gente vendo melhor

Vou forçar um gancho entre a matéria do "Herald Tribune", citada abaixo, e que falava sobre audiência, e uma outra do espanhol "El País", intitulada " Mudanças de poder no futebol da América do Sul", que tratou do triunfo de times modestos diante da perda de influência dos times tradicionais, que é o contrário do que tem sido visto na Europa.

Os motivos apontados não nos soam como novidades. Falta de planejamento, corrupção, ação de um número imenso de empresários, ex-dirigentes donos de passes de jogadores, e por aí vai.

O que me soou "diferente" foi a declaração dada por Jorge Barraza, diretor de comunicação da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), que para reforçar a teoria de que a transmissão maciça de jogos pela TV teve grande influência nesse cenário, disse com todas as letras:

"Hoje para os árbitros não é tão fácil favorecer o clube mais popular".

Tudo ao mesmo tempo agora

Uma matéria publicada pelo "Herald Tribune" (EUA), baseada em números fornecidos por uma grande agência especializada em estratégias de mídia, afirma que a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim pode se tornar o primeiro evento esportivo a atingir a marca de um bilhão de pessoas assistindo à uma transmissão simultaneamente.

Com menor destaque, a matéria traz ainda outro dado interessante, ao destacar que, em 2007, o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 foi o evento com a segunda maior audiência global, perdendo apenas para o Super Bowl, que teve média de 97 milhões de telespectadores assistindo a final ao mesmo tempo.

Como nesta terça-feira a candidatura do Rio aos Jogos de 2016 andou na mídia, fiquei pensando se, amparado nos resultados do GP Brasil, não deveríamos sugerir que o nosso país só sediasse os Jogos... e deixasse a organização por conta de especialistas.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Tudo é breve...bom, nem tudo, né?

Já me disseram, e insinuaram, e voltaram a dizer e insinuar, que abuso nas palavras. Que só "posto" aqui textos longos... que exigem demais dos visitantes.

Concordo!

O que eu quero deixar claro, é que há tempos desconfio que se trata mesmo de um vício.
Seja como for, aproveitarei o clima de "recomeço" para me curar... ou melhor dizendo, me controlar...um pouco.

Hoje, me chamou atenção a saída do zagueiro Betão, do Corinthians, com direito a placa e tudo.
Não que o veja como um craque, mas não sei...

Há no Betão algo de muito sincero e sentimental com relação ao clube.

E nestes tempos em que vivemos isso não é pouca coisa. Não acham?

Quem quer o troféu do Campeonato Paulista?

Não foi só a fórmula do Campeonato Paulista que sofreu transformações ao longo da história, o que mudou foi, principalmente, sua importância.Escrevo para falar justamente sobre isso, nada a ver com a maneira de revelar o campeão, isso porque, ao longo dos anos, ainda que tenhamos visto regulamentos que desafiavam o bom senso, lá estavam Santos, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, dispostos a barrar o triunfo adversário a qualquer preço.

Atualmente não!

No próximo dia 16 de janeiro, todos estarão lá de novo mas, ao que tudo indica, irão olhar para o velho troféu com olhares muito diferentes. Ou melhor, os quatro grandes poderiam muito bem ser divididos em dois grupos. Um deles seria formado por São Paulo e Santos. Seria o grupo do "se vier, melhor".Isso porque a partir do dia 12 de fevereiro começa a disputa da Libertadores, e não resta a menor dúvida de que ela será a prioridade.Depois de passar vinte e dois anos sem vencer o Paulistão, o time da Vila Belmiro, atual bi-campeão do torneio, terá que ir muito além do tri para contentar sua torcida. O caso do São Paulo pede outra reflexão. De tão bem estruturado o time do Morumbi pode até se dar ao luxo de pretender os dois triunfos, mas é óbvio que o foco tricolor estará muito além das fronteiras paulistas.

O outro grupo, formado por Palmeiras e Corinthians, poderia ser chamado de " esse troféu cairia como uma luva". Para a equipe do Parque Antártica, vencer o torneio estadual alavancaria a recente parceria milionária com a Traffic. E é lógico que a lembrança da união bem sucedida com a Parmalat nos anos 90 ainda alimenta os sonhos alvi-verdes, além do mais, um detalhe fundamental para aquela fase repleta de sucessos foi justamente o fato dos resultados terem aparecido muito antes do esperado.Para o Corinthians a prioridade, claro, será se livrar da segunda divisão. Como ainda não é possível correr atrás dessa meta, um triunfo no Campeonato Paulista encheria a torcida de esperança, o elenco de confiança, e ainda serviria para que os "novos" dirigentes transformassem tal sucesso em uma bandeira que, teoricamente, comprovaria o início de uma nova era.

Por tudo o que foi dito até agora, não resta dúvida, os tempos são outros.

Pontapé inicial

*Escrevi o texto abaixo para o Jornal "A Tribuna", na última sexta-feira. Aos que se interessarem...boa leitura e bom pontapé inicial

Devo dizer, antes de tudo, que estou entre aqueles que não consideram uma virada de ano algo tão decisivo assim. E nesses momentos em que escalamos um novo calendário, uma nova agenda para nos guiar, a semelhança com um pontapé inicial me pareceu pertinente.
De certa forma, é como se iniciássemos um novo jogo de um de um campeonato que anda rolando há alguns anos pra uns, e há muitas décadas para outros.

É fato que “neste país” – o Lula que me desculpe o plágio, mas ele melhor do ninguém sabe que nem mesmo dois mandatos são suficientes para realizar obras importantes, que dirá doze meses – as coisas demoram a engrenar, nada acontece antes do carnaval.
Nossa seleção principal que o diga, jogo pra valer só em junho, quando o time de Dunga recebe a Argentina, de Riquelme e Messi, no Mineirão, dias depois de ter ido até Assunção, enfrentar o Paraguai.
Antes disso terá feito um amistoso contra a Irlanda, em fevereiro, e um outro em março, que de tão importante, por enquanto, nem tem adversário definido.
Perceberam?Viram como um ano é pouca coisa? Nem mesmo as eliminatórias cabem nele.

Mas, as paixões, seguem sendo capazes de subverter essa nossa relação com o tempo. Vejamos o caso dos santistas, por exemplo. Os mais apaixonados, de tão sedentos por voltar a conquistar o título continental, precisariam pouco mais de seis meses para garantir uma alegria capaz de fazê-los jamais esquecer deste ano que acaba de começar.
Tivessem eles a taça da Libertadores nas mãos, talvez até aceitassem resumir 2008, a seis, sete meses, no máximo. Isso se fosse possível adiantar a final do Mundial Interclubes, porque ninguém é bobo.

Para os corintianos será diferente. Por mais que 2008 comece bem, os últimos seis meses é que terão importância singular. Haverá no ar uma apreensão muito parecida com a que, em geral, pertence ao vestibulando que almeja o curso superior. Sem insinuações, claro.
Seja como for, todos nós precisaremos bem mais de um ano para formatar nossas obras, nossas vidas, de maneira que, num futuro breve, este janeiro parecerá ainda mais com um pontapé inicial, em meio a tantos outros.

Ah! Gostaria de dizer também que como muitos da minha geração, e de outras gerações, aceitei desafios profissionais que exigiram viver em outros lugares. No entanto, passei os últimos dias com meu olhar curioso debruçado sobre a Baía de Santos. Contemplei o velho farol da Ponta da Praia, a Fortaleza da Barra, admirei a cordilheira da Serra emoldurando a paisagem, me juntei aos adeptos da caminhada à beira-mar, enfim, matei um pouco dessa saudade nesse pontapé inicial.

No mais, Caros Leitores, estamos aí, de volta pro jogo.